terça-feira, 27 de abril de 2010

Liderando em momentos de crise


As crises fazem parte da vida de todas as pessoas, mas, para os líderes, a experiência de crise está sempre por perto, é uma companheira constante. Todos os líderes de verdade enfrentam e são obrigados a administrar crises, portanto não estamos sozinhos nisso. O que precisamos é desenvolver cada vez mais sabedoria para lidar com as crises de forma proveitosa, sem deixar que elas nos derrubem, mas fazer delas um meio através do qual possamos crescer mais e mais como pessoas e como líderes.

As crises têm várias características, mas penso que podemos resumir em duas as fontes básicas para as mesmas: elas podem nascer dentro de nós ou vir de fora. Descobrir logo a real fonte da crise é uma sábia atitude.

As crises também têm vários níveis, mas todas elas são compostas de pequenos detalhes, que muitas vezes nos passam despercebidos. Faça um check-up dos detalhes, pois identificá-los logo irá economizar bastante energia.

Ser líder no meio da crise é um grande desafio, mas que pode ser vencido.

Ao liderar em meio às crises lembre-se que você não é Deus, portanto pode cometer erros, às vezes infantis. Devemos evitá-los, mas eles podem ocorrer. A grandeza de um líder não está em não errar, mas se errar, ser capaz de identificar o erro e tomar as medidas certas em relação a ele, por mais duras que elas sejam. O que pode nos levar a necessidade de acertos e reparações públicos.

Ao liderar em meio a crises lembre-se que Deus está do seu lado, Ele prometeu estar conosco todos os dias e os Seus recursos sobrenaturais estarão agindo a nosso favor. O que precisamos fazer é manter sempre a atitude de dependência e de servo que o Senhor espera de nós.

Ao liderar em meio a crises procure a ajuda externa sempre que possível. Um bom conselho, uma oportunidade de desabafo diante de um ouvinte atento e maduro podem produzir resultados extraordinários.

Ao liderar em momentos de crises não se esqueça que você ainda tem uma vida para viver, há esposa, filhos, amigos, companheiros que às vezes estão enfrentando batalhas maiores do que as nossas, e eles também precisam de nós.

Ao liderar em momentos de crises procure momentos de arejamento mental, onde você possa sair, pensar e principalmente orar e refletir diante de Deus, da maneira mais íntima possível, onde haja um derramar de sua alma diante do Senhor.

Ao liderar em momentos de crises faça das reuniões de busca de solução momentos de abertura, onde as realidades sejam expostas o mais claramente possível, onde as pessoas envolvidas possam falar abertamente, onde os dados podem ser somados e, à luz dos princípios bíblicos e da realidade constatada, dê a direção. Se não se sente seguro para isso na hora, e há tempo para pensar, use todo o tempo possível, mas posicione-se. Pior do que tomar uma decisão errada é não tomar nenhuma, o que já se constitui em uma posição infeliz.

Ao liderar em momentos de crises tente lembrar às pessoas envolvidas que nós estamos todos do mesmo lado e faça-os ver o que realmente importa ou qual é o nosso verdadeiro alvo. Se a crise envolve antagonismo com grupos estranhos, ame-os, tenha paciência, ore por eles, ceda no possível, mas mantenha a firmeza, não negocie o inegociável, nem faça promessas que não poderá cumprir.

Ao liderar em momentos de crises não tente agradar a todo mundo, você não conseguirá e ainda ficará frustrado consigo mesmo.

Ao liderar em momentos de crises devemos estar atentos a toda atitude de orgulho, politicagem ou rispidez carnal de nossa parte, não devemos permitir que a crise nos leve a comprometer a nossa santidade diante do Senhor e dos irmãos.

Ao liderar em momentos de crises tente chegar a melhor solução possível, reconhecendo que nem sempre você chegará ao nível que desejava alcançar, mas isso não é o fim, a vida continua, e muito conhecimento foi acumulado no enfrentamento da crise vivida.

Ao liderar em meio a crises cuide do seu interior, não se deixe envenenar emocionalmente, mantenha o moral alto e os sonhos vivos, lembre-se da sua visão original. Não fique culpando os outros ou alimentando uma auto-imagem derrotista, isso só vai piorar as coisas. A crise precisa ser administrada e você é o líder que Deus colocou no meio da situação.

Ao liderar em meio às crises lembre-se que Deus tem um propósito nisso, se você se mantiver perto Dele e sensível a Sua voz, Ele há de te revelar isso no momento certo.

Cada crise se constitui em uma grande oportunidade de avanço. Então, façamos das crises bases de lançamento para vôos maiores e excelentes, e não correntes que nos amarrem à mediocridade.

Ao vencer a crise dê glória ao Senhor, reveja os fatos, acumule sabedoria e compartilhe com outros os seus “insights”. Estamos todos no mesmo barco e, às vezes, ele balança um pouco mais, porém, ao final, pela fé, todos chegaremos ao nosso porto seguro.

domingo, 18 de abril de 2010

Relacionamento entre líder e liderado

“Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade”. (Jo 17:17).
Vivemos em um tempo de poucos referenciais realmente dignos de serem imitados no que se refere ao relacionamento entre líderes e liderados. Quando olhamos para a igreja percebemos muita disputa contenda divisões e ressentimentos na caminhada da liderança evangélica. Mas como podemos reverter esse quadro?
Podemos buscar entendimento na Palavra de Deus na revelação e toque do Espírito Santo. À medida que essa Palavra penetrar profundamente nossos corações com os padrões e princípios de Deus mudanças ocorrerão e seremos mais felizes em nossa caminhada ministerial. Assim quero convidá-lo a observar comigo cinco lições sobre o relacionamento entre líder e liderado segundo a prática vivenciada por Jesus e os apóstolos.
1. Relacionamento de amor
Você está lembrado quem era chamado de discípulo a quem Jesus amava? Certamente veio em sua mente o nome de João correto? Mas a segunda pergunta que faço é: quem disse isso? Se você parar de ler por um momento e refletir é muito provável que tenha dificuldades em se lembrar. Pois aqui está uma grande surpresa. Quem falou isso foi o próprio discípulo. Confira lendo os textos Jo 13.2319.2620.221.720. Mas o que isso significa? João não era o único a quem Jesus amava mas sua percepção do amor de Jesus era tão grande que o fez se identificar desse modo. Aqui temos a primeira lição. A base do relacionamento entre líder e liderado deve seguir o padrão do amor percebido entre Jesus e João.
2. Relacionamento Cristrocêntrico
Vivemos dias de grande barateamento do evangelho. Muitos retiram das escrituras somente aquilo que traz bem-estar. É certo que Deus é bondoso e generoso mas a essência do evangelho é tão somente Jesus Cristo. A pregação antropocêntrica (focada na pessoa) deve ser mudada para ter Jesus Cristo no centro. Seu amorsua graçasua vontadeseus planosseu padrão de vidasua santidade enfim devemos ter este eixo em nossa pregação e nosso relacionamento líder e liderado. O apóstolo Paulo dá grande ênfase neste foco ao desejar que Cristo seja formado em seus discípulos (Gl 4.19)pois afinal podemos correr o risco de termos uma fé completamente vã se Jesus não for o centro (1 Co 15.17).
3. Relacionamento de fidelidade
O discurso corrente deste mundo moderno valoriza a individualidade ao extremo. “Minha” visão“meu” chamamento“minha” unção são apenas algumas expressões que podem indicar o quanto estamos influenciados por essa mentalidade. Sigo “meu” líder somente até quando for conveniente partindo para seguir “meu” caminho. A base bíblica do relacionamento deve ser a aliança. A atitude decorrente deve ser a fidelidade. Pois afinal somos nós pelo Reino. Jesus valorizou o servo bom e fiel (Mt 25.21) pela obediência e cumprimento de suas orientações. Jesus requisita fidelidade pois ele foi fiel em seu propósito. Assim também deve ser o relacionamento líder e liderado como um só corpo e família.
4. Relacionamento de serviço
Jesus deixou muito claro que no padrão da Nova Aliança o objetivo de líder era servir (Mt 20.26-28). O liderado deveria seguir esse padrão sempre servindo. Uma comunidade onde todos servem ninguém passará necessidades de nenhuma natureza. Quando o líder ou o liderado exigem serviços para si o relacionamento começa a complicar. A maior expressão da liberdade é servir sem a obrigação de fazê-lo (Gl 5.13). Se formos verdadeiramente livres serviremos com alegria nos dons e talentos que recebemos de Deus. Se não servimos precisamos de libertação em nossos corações.
5. Relacionamento de modelo de vida
Talvez nesta lição tenhamos o maior desafio de todos. Há muito já não se aceitam líderes que pregam com palavras conteúdos diferentes do que vivem. Alguém disse “não consigo ouvir o que você diz pois suas atitudes falam mais alto”. O apóstolo Paulo desafiou e orientou seus liderados a imitarem seus procedimentos (2 Tm 3.101 Co 4.1611.1). É assim mesmo. Nosso relacionamento transmite nosso modelo de vida. Não significa que o líder deva ser perfeito. Aliás à medida que o liderado cresce espiritualmente igualmente poderá influenciar seu líder nas áreas que consegue andar no padrão de Cristo. Nessa caminhada de imitação ambos tem o maior modelo de todos: Jesus Cristo.
Ao observarmos essas lições com nossos corações abertos com a ministração do Espírito Santo subiremos novos padrões nos relacionamentos líder e liderado. Deixe-se influenciar por essas verdades. Somente assim seremos mais felizes em nossa caminhada ministerial.
Na benção!!!

domingo, 4 de abril de 2010

O líder e a vontade de desistir

Uma das mais fortes tentações que um pastor ou líder tem em sua jornada é a vontade de desistir. Quantas vezes isso já não deve ter passado pela sua cabeça? Creio que todos os líderes, de fato, vivem este tipo de experiência. Podem até não declarar publicamente mas, lá no seu íntimo, isso já deve ter sido uma opção pensada. Como podemos lidar com esta possibilidade quando ela parece ser a saída mais honrosa para um tempo de lutas? Como lidar de forma sábia com a vontade de desistir? Sugiro algumas ações:

Examine sua saúde, veja se esta reação não está ligada ao seu estado físico ou mental. Às vezes, você precisa de descanso, férias, uma mudança de rotina ou de ritmo. Lembre-se: você é um ser humano, não uma máquina e mesmo as máquinas têm limites.

Examine seu coração, observe se esta vontade de desistir não está ligada a questões e reações repetitivas, ligadas a problemas do passado, mas que em seu interior ainda não foram resolvidos e assentados em sua alma. Sempre é tempo de buscar restauração.

Examine seu espírito, veja se há pecado dominando a sua vida, se sua comunhão com o Senhor encontra-se em baixa e qual o motivo para isso; avalie onde está a visão que lhe impulsionava antes, e aonde ela foi parar, e o que a minou; reflita se você está dando ouvidos a alguma mentira diabólica. Ele adora nos fazer desistir dos sonhos de Deus para nós.

Procure o apoio de pessoas positivas, de fé, sinceras e maduras que sejam capazes de ajudar você a avaliar a situação de forma segura, ampla e sem falsidade. Peça a oração dos irmãos e invista tempo em oração, cultive uma comunhão mais íntima com Jesus. Na luz do Senhor vemos a luz, por isso derrame a sua vida diante de Deus, faça boas leituras que lhe ajudem a pensar na situação de maneira mais clara.

Em resumo, não tente levar a carga sozinho. Procure ajuda, não se fixe somente na idéia de desistir, estudando as opções existentes e as possíveis, à luz de tudo aquilo que Deus lhe mostrar em meio a todas as ações acima sugeridas.

Como líder, você sempre estará propenso a situações de pressão intensa, e a vontade de desistir muitas vezes parecerá a saída, mas se há um momento em que devemos ser muito criteriosos ao tomar decisões é exatamente quando estamos sobre forte pressão.

Muitas vezes a sua grande vitória, a grande virada, está a apenas um passo antes da desistência. Talvez você já esteja em vias de alcançar a vitória sonhada e aí você para e desiste. Não faça isso. Deus lhe chamou para completar a corrida. “Desista” apenas quando você tiver todas as certezas possíveis e, ainda assim, pare e pergunte: é isso mesmo que Deus deseja para mim hoje? Se a vontade de Deus for que você pare, não será uma desistência, mas uma mudança estratégica.

Antes de encerrar, vale lembrar que existem momentos em que nós precisamos de fato nos retirar, mas não desistir. Às vezes o nosso tempo em determinado contexto já se findou de verdade, aí temos de ter o discernimento para sairmos, pois este tipo de saída não é desistência, mas uma ação inteligente, tomada por alguém que foi capaz de perceber que “há tempo para todo propósito debaixo do céu”.