quinta-feira, 16 de outubro de 2008

JESUS FOI NO INFERNO?

ANALISANDO A PASSAGEM DE 1 PEDRO 3.19 CRISTO FOI NO INFERNO?

• EXISTE QUATRO POSIÇÕES SOBRE O TEXTO ACIMA MENCIONADO, VAMOS CONSIDERAR CADA UMA PROCURANDO ANALISAR SUAS BASES BÍBLICAS E FRAQUEZA DA POSIÇÃO.

1. ALGUNS DEFENDEM QUE CRISTO QUANDO ESTEVE SEPULTADO, FOI AO INFERNO PARA PREGAR AOS SANTOS DO ANTIGO TESTAMENTO.
• BASE BÍBLICA:
1.1. Usam Efésios 4.8,9 para apoiar sua defesa dizendo que Cristo foi resgatar os santos do antigo testamento que estavam em um compartimento do hades, esperando a vitória de Cristo.
1.2. Usam 1 Pedro 3.19-20 para dizer que Cristo pregou aos santos do antigo testamento. E tentam apoiar 1 Pedro 4.6 para dizer que a pregação foi dirigida a mortos.
1.3. Usam Lucas 16.19-31 para defender os dois compartimentos do hades, um ocupado pelos salvos representados pelo (paraíso) onde estavam os santos do antigo testamento e o outro (inferno) lugar de tormento para todos os ímpios do antigo testamento.
1.4. Usam 1 Pedro 4.6 na tentativa de apoiar a descida de Cristo ao inferno.
• FRAQUEZA DA POSIÇÃO:
1.1. 1 Pe 3.19-20 o contexto da passagem fala de uma pregação aos ímpios do antigo testamento na época de Noé, e não aos crentes(santos do antigo testamento). O texto ainda se refere a essas pessoas como desobedientes a pregação, (Confira 2 Pedro 2.5). Não podemos dizer que os santos do antigo testamento foram desobedientes, uma vez que são os nossos modelos de exemplo de fé e de conduta, é só olhar Hebreus 12, a galeria dos heróis da fé.
1.2. 1 Pe 4.6 não estar dizendo que os mortos ali eram os santos do antigo testamento por alguns motivos: 1. Se refere a cristãos já falecidos, o evangelho foi pregado àqueles mártires agora mortos; 2. Eles foram julgados na carne e condenados ao martírio segundo padrões humanos de justiça; 3. Mas estão vivos espiritualmente depois da morte. Será que esse versículo significa que Cristo foi ao inferno e pregou o evangelho aos que haviam morrido? Eu entendo que não. O cerne da questão está na finalidade deste tipo de pregação. Para que o evangelho foi pregado também aos mortos? Por causa do julgamento final. O que Pedro está fazendo é consolando aos crentes quanto àqueles que já haviam morrido. Talvez perguntassem; “Que benefício o evangelho lhes trouxe, uma vez que morreram?” Aí Pedro responde: O evangelho não era para salva-los da morte física (eles foram “julgados na carne segundo os homens”); mas o evangelho irá salvá-los do julgamento final ( para que viam no espírito segundo Deus”). Eles não ouviram o evangelho depois de mortos, mas enquanto vivos, embora agora estejam mortos na carne. A Nova Versão Internacional diz assim: “por este motivo, o evangelho foi pregado até aos que estão agora mortos”. Não é, portanto, convincente defender-se a descida de Cristo ao inferno com base nesta passagem.
1.3. A idéia de Cristo pregar no inferno para os santos do antigo testamento, é sem sentido, pois Ele poderia anunciar a sua vitória no céu, sem ser preciso Ter de ir ao inferno. Mesmo porque não temos nenhuma base para afirmarmos que santos vão para o inferno. A Bíblia deixa bem claro em muitas passagens que os santos do antigo testamento após a morte foram para o céu e não para o inferno. Em favor disso tem-se os seguintes argumentos. 1). Jesus afirmou que seu espírito estava indo direto para o céu, quando disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”(Lc 23.46). 2). Jesus prometeu ao ladrão na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso”(Lucas 23.43) “paraíso” é definido como sendo o terceiro céu em (2 Coríntios 12.2,4). 3). Quando os santos do antigo testamento deixaram a vida, foram diretamente para o céu. Deus tomou a Enoque para si(Gn 5,24; Cf Hb 11.5), e Elias foi tomado “ao céu” quando partiu(2Rs 2.1). Depois Ele e Moisés aparecem no monte da transfiguração(Mt 17.3). 4). “o seio de Abraão”(Lc 16.23) é uma descrição do céu. Em nenhum ponto ele é descrito como sendo o inferno. É o lugar para onde Abraão foi, que é o “reino de Deus”(Mt 8.11). 5). Antes da cruz, quando os santos do Antigo Testamento apareciam, era do céu que vinham, como aconteceu com Moisés no Monte da transfiguração(Mt 17.3). 5). Um outro fato importante é registrado no mesmo livro de Lucas, atestando claramente que os santos do antigo testamento(Abraão, Isaque e Jacó e todos os profetas) estariam no reino de Deus e não no inferno ou Hades. “E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.”(Lucas 13.27,28). Lucas afirma categoricamente que os santos estão no reino de Deus e não no inferno. Lucas jamais poderia se contradizer em suas palavras, falar em uma passagem uma coisa e desfazer o que disse em outra. Segunda a lei da interpretação da bíblia, uma verdade bíblica não pode entrar em choque com as Escrituras, é preciso estar em harmonia com toda a bíblia de Gênesis a Apocalipse.
1.4. A passagem de Lucas é usada para defender que tantos os santos como ímpios estavam no inferno. Isso fere totalmente as Escrituras, pois a mesma diz que Deus não pode punir o justo com o ímpio(Gênesis 18.25,26). Outro grande erro é afirmar que o hades era composto de dois compartimento, em quanto a Bíblia não diz nada disso. O que realmente é dito é o contrário, fala que o rico estava no hades, mas Lázaro estava no paraíso e não no mesmo lugar. Ainda é dito no mesmo texto que os dois estavam separados por um grande abismo, e que nenhum podia passar para lugares opostos. Portanto qualquer posição fora do relato bíblico é mera especulação, ponto de vista ou conjectura., e o crente não pode basear sua fé nessas coisas. Sem falar que não podemos formar uma doutrina em cima de tradições judaicas. Pois eles acreditavam que haviam antes da ressurreição de Cristo o inferno com dois compartimentos, um de horror e vergonha e outro de paz, sendo que ambos era no inferno. Isso é especulação, tradição e não se tem consistência alguma, a idéia de um lugar que se chama hades a onde crentes e descrentes iam após a morte, não é mencionado em nenhum das lugar das Escrituras
1.5. O contexto fala de uma pregação para ímpios e não para salvos, portanto não pode ser interpretada como sendo para os santos do antigo testamento, uma vez que todos são salvos. Ainda tem o agravante que diz que tais pessoas foram desobedientes a pregação, coisa essa que não aconteceu com os santos.
1.6. A passagem de Efésios 4.8,9 nunca faz menção para apoiar a ida de Cristo ao inferno, pelo contrário, essa passagem é uma citação do salmo 68.18 que apenas quer dizer que Cristo foi vitorioso sobre os nossos inimigos espirituais, tomando deles os despojos da batalha e concedendo dons aos crentes, e que estes, pelo uso desses dons, podem vencer os inimigos. Isso é claramente explicado pelo contexto histórico do salmo em referência. Tentar dizer que essa passagem diz respeito a ida de Cristo ao inferno para levar os santos do antigo testamento para o céu, é ser no mínimo desleal com a exegese do texto bíblico pelas seguintes razões: 1). A frase “desceu ao inferno” não constava do Credo Apostólico primitivo. Ela foi acrescentada somente no século IV depois de Cristo. Além disso, um credo como tal não é inspirado, mas apenas uma confissão humana de fé. 2). A expressão “até as regiões inferiores da terra” ou como existem em outras traduções ““até as regiões inferiores da terra” não é uma referência ao inferno, mas ao túmulo. Até mesmo o ventre de uma mulher é descrito como sendo “profundezas da terra”(Salmo 139.15). Essa expressão significa simplesmente covas, túmulos, lugares fechados na terra, em oposição as partes altas, como montanhas. Além disso, o inferno não se localiza nas partes mais baixas da terra, mas “debaixo da terra” (Fp 2.10). 3). Quando Cristo “levou cativo ao cativeiro”, Isso se refere claramente a escravos de guerra, vencidos nas batalhas, é uma referências a inimigos e não a amigos. Isso é uma alusão à derrota dos inimigos de Deus, sobretudo os poderes angelicais malignos. Esse versículo pode ser comparado com Col 2.15: “...despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. No salmo 68, citado por Paulo, há uma referencia aos inimigos cativos de Davi. Como antítipo, os inimigos de Cristo, o Filho de Davi, que são Satanás, a morte, a maldição e o pecado(ver Col 2.15 e 2 Pe 2.4), levados em procissão triunfal para sua condenação final(ver Apocalipse 10.10,14). Segundo a hermeneutica a bíblia tem apenas uma interpretação, usar a palavra “cativo” para dizer que se refere aos santos do antigo testamento, alegando que nós somos cativos, ou escravos de Cristo, é simplesmente ferir o princípio da hermeneutica bíblica. Pois tanto em Efésios como em Salmo 68, o cativo se trata de inimigos de guerra e não de santos do antigo testamento. Eu prefiro ficar as Escrituras e com as regras de interpretação bíblica.

2. ALGUNS ACREDITAM QUE CRISTO FOI AO INFERNO PARA PREGAR O EVANGELHO AO ÍMPIOS, COM O FIM DE DAR-LHES UMA SEGUNDA CHANCE DE ARREPENDIMENTO.

• BASE BÍBLICA:
1.1. Se apoiam no relato bíblico dos versículos 18,19,20, interpretando-os literalmente ao pé da letra.
• FRAQUEZA:
1.1. A Bíblia não apoia que o ímpio depois de morto possa Ter outra oportunidade de salvação. Tal verdade pode ser encontrada nas seguintes passagens(Lucas 12.20-21; 16.19-31; Hebreus 9.27).
1.2. Essa interpretação desconsidera todos os contextos(histórico/gramatical/textual/literário), como também a concordância de toda a Escritura de Gênesis a Apocalipse.
1.3. Sem falar na falta de uma base bíblica consistente a onde prove que Cristo de fato foi ao inferno. As razões que provam o contrário não vai ser preciso repetir uma vez, que já temos na posição anterior.

3. ALGUNS ACREDITAM QUE A IDA DE CRISTO AO INFERNO ERA NECESSÁRIA PARA PAGAR MEUS PECADOS. NESSE CASO NÃO FOI POR MEIO DO SACRIFICIO DE CRISTO NA CRUZ QUE FUI SALVO, MAS PELO SEU SOFRIMENTO NO INFERNO.

* BASES BÍBLICAS:
1.1. Usam Efésios 4.8,9 para apoiar que Cristo de fato foi ao inferno, pagar nossos
Pecados. Se apóiam também At 2.27 e Rm 10.6,7
1.2. Usam 1 Pedro 3.19-20 e 1 Pedro 4.6 para dizer a mesma coisa
1.3. Usam os sacrifícios do antigo testamento a onde o sacrifício deveria ser morto e
queimado completamente, para dizer que os tais representava Cristo e da mesma
forma que os animais do sacrifício eram mortos e queimados, assim Cristo precisa
ser morto e ter experimentado o fogo do inferno, para de fato ser o nosso redentor.
Levítico 3

• FRAQUEZAS:
1.1. Todas as passagens tantas do antigo como do novo testamente apresentam a Cruz de Cristo, como objeto de nossa redenção e não o inferno. Vejamos algumas:
1.1.1. A mensagem pregada era a da cruz e não do inferno(1 Cor 1.17,18; Gl 5.11; 6.12,14)
1.1.2. Fomos reconciliados pela cruz de Cristo e não por meio do inferno(Ef 2.16; Cl 1.20; 2.14)
1.1.3. Cristo sabendo que a Cruz era o ponto chave da nossa salvação, não desistiu, foi fiel até o fim(Fp 2.8; Hb 12.2)
1.1.4. O texto clássico que trata da paixão de Cristo no A.T, diz que Jesus levou nossos pecados sobre si na cruz do calvário e não no inferno(Isaías 53.1-13)
1.2. Jesus disse que estava consumado na cruz do calvário. Em outras palavras Jesus disse está pago, concluído. A palavra consumado em grego significava dizer “estar pago”. Se um preso fosse condenado pelo império romano, era colocado numa sela e em cima era colocado o motivo de sua prisão e os anos. Mas cumprida os anos ou o tempo marcado, a grade era aberta o preso solto e em cima era colocada a palavra, “esta consumado”. Isso significava dizer que ele era livre, não devia mais nada, a conta tinha sido pago. Foi o mesmo que Jesus fez, quando disse: “ESTA CONSUMADO”, foi na cruz que nossos pecados foram perdoados e não no inferno.
1.3. Um outro fator importante que determina a morte de Cristo na cruz, como instrumento de reconciliação é o derramamento de Sangue e não a ida ao inferno. Vejamos algumas passagens:
1.3.1. Fomos comprado pelo precioso sangue de Cristo(1 Pedro 1.18-19)
1.3.2. A igreja de Deus foi comprada com seu precioso sangue(Atos 20.18)
1.3.3. O sangue de Cristo firma uma nova aliança(Lucas 22.20)
1.3.4. A propriciação pelos pecados foram feitas através do Sangue de Cristo(Romanos 3.25)
1.3.5. Nossa justificação foi por meio do Sangue(Romanos 5.9)
1.3.6. A nossa redenção foi feita por meio de seu sangue(Ef 1.7; Cl 1.14)
1.3.7. A nossa reconciliação foi feita pelo sangue(Ef 2.13; Cl 2.14))
1.3.8. Hebreus 9,10 diz repetidamente que o sangue de Cristo nos salvou.
1.3.9. PERGUNTO: ONDE CRIOSTO DERAMOU, VERTEU SEU SANGUE? NA CRUZ OU NO INFERNO? Claro que foi na cruz.
1.4. Não existe nenhuma referencia bíblica que apóie tal posição, a mesma é baseada em simbolismo, figuras o que a hermenêutica bíblica nos adverte seriamente sobre os riscos de se fazer doutrina sobre as tais.
1.5. At 2:27 – Pedro, no dia de pentecostes, cita o Sl 16:10. o problema é que a versão de King James o verso diz: “porque não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção”. O termo hebraico é “sheol”- popularmente significa túmulo de morte. A Bíblia de Jerusalém traduz “Xeol”. A idéia é que Jeová prometeu e não deixaria o corpo do “teu Santo”, Jesus, na morte. Nessa promessa Davi poderia descansar.
1.6. Rm 10:6 e 7 – No contexto da passagem, o que Paulo este ensinando é que Cristo não está longe, mas perto daquele que o busca com fé. Confessando com a sua boca e crendo no coração (v. 9). Para isso, apresenta duas perguntas, com citações de Dt 30:13, que não devem ser feitas. São perguntas de incredulidade. Alguns argumentam que Paulo não faria essas perguntas, se não admitisse que fosse amplamente sabido que Cristo desceu “ao abismo”. Mesmo que isso fosse verdade, a Bíblia não insinua que Cristo foi ao inferno. Mas uma vez o grego não é “geena”, mas “abyssos” – usado na maioria das vezes na LXX como referência às profundezas do oceano ( Gn 1:2; 7:11; 8:2). Aqui a palavra “abismo” está em contraposição a “céu”, como no Sl 107:26. O sentido é de um lugar inatingível, inacessível a seres humanos. O sentido não é “quem encontrará Cristo num lugar de grande bênção (céu) ou em um lugar de grande punição (inferno)?” Mas, sim, “ que irá encontrar-se com Cristo num lugar inacessivelmente elevado (céu) ou num lugar inacessivelmente profundo (abismo)? Não se encontra nenhuma afirmação ou negação de “desceu ao inferno” nessa passagem.
1.7. TRÊS PALAVRAS DE JESUS – Nada melhor para desmascarar essa doutrina do que as palavras do próprio Jesus:

1.5.1 – Lc 23:43 – “hoje mesmo estarás comigo no paraíso” – depois da sua morte, a alma ou espírito de Cristo foi diretamente para o Pai, enquanto o corpo permanecia por três dias na morte.
1.5.2 – Jo 19:30 - “está consumado” – o sofrimento de Cristo terminou naquele momento.
1.5.3 – Lc 23:46 – “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”- Cristo esperava, corretamente, que seu sofrimento e separação estivessem chegado ao fim de imediato e que seu espírito fosse recepcionado no céu por Deus Pai.

4. ALGUNS ACREDITAM QUE ESSE VERSÍCULO DE 1 PEDRO 3.19 SEJA UMA REFERÊNCIA AO CRISTO PRÉ ENCARNADO PREGANDO ATRAVÉS DE NOÉ ÀQUELES QUE, POR TEREM REJEITADO SUA MENSAGEM, AGORA SÃO “ESPÍRITOS EM PRISÃO”

• BASES BÍBLICAS:

1.1. O Contexto do livro em si deixa claro que Cristo pregou aos contemporâneos de Noé. Em 1 Pedro 1.10-11 é dito que todos os “...profetas profetizaram acerca da graça, indicados pelo Espírito de Cristo, que neles estava...”. Logo se conclui, que Noé pregou aos seus contemporâneos no espírito de Cristo, ou seja, o Cristo pré encarnado pregava aquelas pessoas através de Noé.
1.2. A preposição “em” utilizada no versículo 19 sugere que tais pessoas estão em prisões devido recusarem a pregação(Confira 2 Pedro 2.4-5). E não que estavam presas quando ouviram o Evangelho, nesse caso teria que ser “na prisão” em vez de “em prisões”. Essa verdade é confirmada na Chave Lingüística do novo testamento grego(na página 563), quando se refere ao pronome relativo “espírito” o mesmo se refere ao estado ou circunstâncias, isto é “em cujo estado,” ou “sob tais circunstâncias”. O que vem só confirmar o que já tínhamos falado anteriormente, que a prisão foi o resultado deles não ouvirem o Evangelho.
1.3. Essa posição se harmoniza corretamente com a Bíblia, sem deixar nenhum problema para os que realmente são leais a interpretação das Escrituras. Ela não coloca Cristo e nem os salvos no inferno, pois tal afirmação contraria totalmente as Escrituras no seu todo.

• ARGUMENTAÇÕES:

Análise bíblica de 1Pedro 3: 18-20
1 Qual o significado das expressões "carne" e "espírito vivificado"?

Neste texto, Pedro está contrastando dois estados de existência de nosso Redentor.
1.1. O estado de limitação de Cristo.
"Na carne": este estado é a natureza humana de Cristo, 1Pe 4: 1; 1 Jo 4: 2; 2Jo 7; Jo 1: 14; 1Tm 3: 16, Rm 1: 3-4. A expressão "morto na carne" faz referência quando Jesus morreu e saiu do estado de fraqueza e de limitação.
1.2. O estado de não-limitação - "espírito vivificado". A expressão "vivificado no espírito" se refere à natureza divina de Jesus. Seu estado antes de sua encarnação. E foi neste estado que Ele pregou aos "espíritos em prisão".
Quando o texto fala que Jesus "vivificado em espírito foi e pregou, não está se referindo a um lugar depois de sua morte, mas onde Ele estava quando havia desobedientes dos tempos de Noé" (v. 20). Foi neste espírito que Ele pregou através dos profetas.

A palavra "também" do v. 19 mostra a ênfase do estado de limitação para o estado de não-limitação. Dito de outra forma: Cristo pregou quando estava em nosso meio, como homem (dias de Sua carne), mas também pregou como Divino (não-limitação) nos dias de Noé através dos profetas.
2. Quando Cristo pregou a mensagem ?

O ensino desta passagem não é o que Cristo fez entre a morte e a ressurreição, mas o que Ele fez no seu estado antes da Encarnação - estado não-limitado, no tempo de Noé, 1Pe 1: 8-12.
3. Qual o conteúdo da pregação? O que Cristo pregou?

2.3.1. Jesus pregou o evangelho aos contemporâneos de Noé. Espiritualmente, Cristo estava presente em Noé quando este era o "pregoeiro da justiça", 2Pe 2: 5. Em 1Pe 1: 10-11, o apóstolo mostra o evangelho sendo pregado pelos profetas. Noé certamente pregou aos seus contemporâneos o evangelho e convocou-os ao arrependimento.
4. Quem são estes "espíritos em prisão" a quem Cristo pregou?
A expressão "espíritos em prisão" se refere às pessoas que no tempo de Noé (noutro tempo) rejeitaram a sua pregação e que foram consideradas "espíritos em prisão", incapazes de fazer qualquer coisa que os deixassem livres. Permaneceram no cativeiro espiritual; permaneceram incrédulos quanto à mensagem pregada por Noé e na prisão de suas almas.
5. A explicação mais satisfatória é proposta por Agostinho:
a passagem não se refere a algo que Cristo fez na sua morte e ressurreição, mas ao que fez “no âmbito espiritual da existência (ou pelo Espírito), nos dias de Noé. Quando Noé estava construindo a arca, Cristo, em espírito, estava pregando por meio de Noé aos incrédulos em torno dele”.
Essa concepção ganha apoio em duas outras declarações de Pedro. Em I Pe 1:11 ele diz que o “espírito de Cristo” estava falando nos profetas do AT. Em II Pe :5 ele chama Noé de “pregador de justiça”. A raiz no grego é a mesma usada para Jesus “ pregando” aos espíritos em prisão.
Também ganha apoio quando olhamos essa concepção no contexto maior de I Pe 1:13 a 22 e fazendo uma comparação da situação dos dias de Noé e dos dias dos leitores de Pedro, concluímos que eram bastante parecidas:

NOÉ LEITORES DE PEDRO
Minoria injusta minoria injusta
Rodeados por incrédulos Rodeados por incrédulos
Hostis Hostis
O julgamento divino O julgamento divino pode vir logo(2 Pe 4.5,7; 3.10)
Noé testemunhou Deviam testemunhar
A usadia Pelo poder Com ousadia de Cristo
Por fim, Noé foi salvo Serão salvos no final ( I Pe 3:13, 14: 4:13; 5:10)
Concluímos, portanto, afirmando que:
1) Não aceitamos: Uma descida literal de Cristo ao Inferno, para resgatar os santos do Antigo testamento. Uma pregação ou proclamação da vitória de Cristo para os santos do antigo testamento. Uma segunda chance de salvação aos desobedientes após sua morte. Uma descida ao inferno para pagar, justificar nossos pecados.
2) Aceitamos: que Cristo esteve sempre presente tipologicamente no Antigo Testamento, pregando através dos profetas o Evangelho de Salvação.