quarta-feira, 12 de março de 2008

Artigo
Quando a vida começa

::: 22/04/2004

Muitas discussões são travadas acerca da época em que a vida humana começa. Alguns consideram que um embrião de poucas semanas representa uma vida, outros não. Apesar disso, o fato é que, de acordo com Papalia e Olds (2000), o início biológico de todo ser humano é a fração de segundo na qual um único espermatozóide, uma das milhões de células fecundativas do homem, liga-se a um óvulo (célula ovo), um dos milhares de óvulos produzidos e armazenados no corpo da mulher.

Dessa união, surge uma nova vida, com uma constituição genética única, que influencia uma gama de características, desde a cor dos olhos, até a saúde, o intelecto e a personalidade.

A transformação de um único óvulo fecundado em um bebê, dura nove meses. Quem opera as transformações é um grupo de genes que produz moléculas chamadas morfogenes, acionadas após a fecundação e que começam a "esculpir" braços, mãos, dedos, o cérebro, e todas as partes do corpo (Riddle, Johnson, Laufer, e Tabin, 1993; Krauss, Concordet e Ingham, 1993; Echeland et al., 1993 apud Papalia e Olds, 2000). Somando a isso, fatores ambientais também podem afetar o embrião em desenvolvimento.

O desenvolvimento pré-natal ocorre em três estágios, sendo eles: germinativo, compreendendo desde a fecundação até aproximadamente duas semanas; embrionário, da segunda semana até oitava ou décima segunda semana; e fetal, da oitava ou décima segunda semana, até o nascimento.

No decorrer de todo esse processo de desenvolvimento pré-natal, influências ambientais podem vir a interferir de forma benéfica ou maléfica. Desta maneira, um ambiente pré-natal saudável pode proporcionar um início de vida saudável, ou mesmo todo o restante do desenvolvimento.

O corpo da mãe configura-se como o ambiente pré-natal, por isso, ela precisa atentar para possíveis influências ambientais sobre seu corpo. A nutrição, a prática de atividades físicas, a ingestão de drogas, doenças maternas, a idade da mãe, a incompatibilidade de tipos sangüíneos, a exposição à radiação e substâncias químicas, são fatores que podem interferir no desenvolvimento pré-natal referentes à mãe.

Fatores paternos também podem influenciar no desenvolvimento saudável pré-natal. A exposição de um homem a chumbo, maconha e fumaça de cigarro, ingestão de grandes quantidades de álcool e radiação e certos pesticidas podem resultar na produção de espermatozóides anormais (M. R. Spitz e Johnson, 1985 apud Papalia e Olds, 2000). A nicotina do cigarro do pai também é fator prejudicial para a saúde do bebê e da mãe. Além de tudo isso, o uso de cocaína por pais pode causar defeitos congênitos nos filhos.

Apesar dessa lista de possíveis interferências ambientais com as quais a gestante e o pai precisam estar atentos, existe, atualmente, uma série de instrumentos que avaliam o desenvolvimento e o bem-estar do feto. As técnicas de diagnóstico pré-natal de defeitos congênitos e a possibilidade de terapia fetal, encorajam casais que têm histórias médicas problemáticas a optar pela concepção.

A amniocentese, dentre outros instrumentos, por exemplo, pode detectar, segundo Milunsky (1992) apud Papalia e Olds (2000), a presença de cerca de 200 (de 4.000) defeitos genéticos, todos os distúrbios cromossômicos reconhecidos e outros problemas, inclusive defeitos do tubo neural, além de distúrbios vinculados ao sexo.

As técnicas de diagnóstico pré-natal podem propiciar, senão a reparação, ainda no útero, do problema detectado, a organização dos pais para receber o filho que venha a ter algum comprometimento. Os pais precisam se preparar, tanto emocionalmente, quanto no que diz respeito ao aparato de atividades que serão propícias para o desenvolvimento do bebê.



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Denise Mendonça de Melo
é psicóloga, formada pelo
Centro de Ensino Superior
de Juiz de Fora.

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