quarta-feira, 12 de março de 2008

Saudade de Deus

Saudade de Deus

Hoje eu acordei com saudade de Deus.
Logo cedo, imediatamente depois de acordar, tentei entender esse sentimento. Então percebi que não sabia muito bem o que realmente significava a palavra saudade. A primeira atitude foi olhar no dicionário para saber se ele me ajudaria. Dito e certo! Parte da minha angústia estava resolvida: agora sei o que significa sentir saudade. Os eruditos que compilaram o dicionário que tenho escreveram que saudade é um “sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa...

autor
Marcos David Muhlpointner
Biólogo pela Univ. Mackenzie e professor de Ciências e Biologia em colégios particulares de São Paulo. Membro da Comunidade de Jesus - São Bernardo do Campo, exercendo os ministérios de música e de pregação. Faz palestras sobre bioética, ciência e fé e atualmente está preparando um livro sobre Bioética à luz da Bíblia.


Hoje eu acordei com saudade de Deus.

Logo cedo, imediatamente depois de acordar, tentei entender esse sentimento. Então percebi que não sabia muito bem o que realmente significava a palavra saudade. A primeira atitude foi olhar no dicionário para saber se ele me ajudaria. Dito e certo! Parte da minha angústia estava resolvida: agora sei o que significa sentir saudade. Os eruditos que compilaram o dicionário que tenho escreveram que saudade é um “sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável”. Agora tinha que resolver outra questão: não quero conviver com essa melancolia.

Imediatamente depois de ler essa definição comecei a puxar da memória algumas “situações de privação da presença de alguém...”. DAquele alguém de quem estou sentindo saudades. Também pensei no “afastamento de um lugar...”. Daquele lugar em que Ele está e eu devo estar junto. Senti saudade “...de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável”. Experiências e prazeres que só a presença dEle pode proporcionar. E, à medida que esses pensamentos foram se apoderando da minha alma, fui levado a concluir, de modo incontestável, que sou parecido com aquele animal descrito pelo salmista: “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus.” (Salmo 42:1 – NVI).

O salmista estava familiarizado com esse animal e devia conhecê-lo muito bem. Provavelmente tinha ouvido seus gritos de ansiedade por água. Quem sabe algumas vezes o próprio salmista ajudou algum animal desse a encontrar água. E também, muito provavelmente, o salmista seguiu esse animal em busca de água. O fato é que o salmista estava se sentindo como a corça (ou cervo). A intensidade do sofrimento do salmista, a percepção da saudade de Deus era tão grande que o salmista teve que buscar na natureza algo para se expressar. O desejo do salmista era tão visceral, tão urgente, tão imediato que só a cena de um animal agonizando de sede servia para externar sua ânsia.

Será que nos sentimos assim com freqüência? Será que nossos sentimentos por Deus podem ser expressos da mesma forma? Temos consciência que precisamos de Deus diariamente, assim como precisamos da água para nos manter vivos? Temos nos alimentado de Deus diariamente? Ainda temos força para expressar nossa necessidade de Deus? Do que temos nos alimentado?

O salmista, nesse momento de saudade de Deus, afirma que tem se alimentado das suas próprias lágrimas (v. 3). Ora, uma pessoa que perambula pelo deserto em busca de água, jamais poderá se saciar com algumas lágrimas! Se a necessidade dele foi comparada a “águas correntes”, como ele se manteria vivo com suas próprias lágrimas? E o pior de tudo, as lágrimas são salgadas e isso aumentaria ainda mais a sede!!!

A comparação é perfeita. Um animal imponente, forte e garboso está sucumbindo e gritando, pedindo correntes de água para matar a sua sede. O cervo, acostumado a viver em regiões onde a água pode faltar, está num local que ele esperava encontrar água, mas ela não está lá. O salmista olha para si, percebe sua fragilidade, sabe que necessita de água em abundância. Depois de passar dias se alimentando de suas próprias lágrimas e ainda sentindo sede, vê suas esperanças morrerem. Ambos, homem e cervo, no último estertor de vida, clamam por água, por muita água, correntes de água, água em abundância.

Queridos, não nos basta um copo da presença de Deus diariamente. Não conseguiremos viver longe da Sua presença. Não nos restará vida em nós mesmos se formos negligentes na busca da comunhão com Ele. Se estivermos longe da Sua fonte, nossa alma morrerá à míngua, sedenta, árida. Ele não está longe, pelo contrário, está perto e nos incentiva a buscá-lO enquanto é possível achá-lO (Isaías 55:6). Nossa necessidade não é pequena. Nossos pecados nos afastam de Deus e por causa deles carecemos da Sua glória (Romanos 3:23). Ou buscamos a Deus todos os dias, com toda diligência, com amor e intenso desejo, ou morremos sem Ele eternamente.

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