terça-feira, 11 de março de 2008

HOMILETICA A ARTE DE PREGAR

SEMINÁRIO BATISTA REGULAR MARANATA
PR. MARCOS GLAISON ALENCAR FERREIRA
DISCIPLINA: HOMILÉTICA – ARTE DE PREGAR

I – DISCRIMINAÇÃO DA MATÉRIA:
Fornecer ao aluno princípios que ajudarão o desenvolvimento da pregação bíblica.

II – OBJETIVOS DA MATÉRIA:
1. Fazer com que o aluno reconheça o valor da pregação bíblica;
2. Ajudar o aluno a pregar bem a Palavra de Deus, com o fim de que ele possa edificar e transformar vidas, através da pregação;
3. Familiarizar o aluno com os vários tipos de sermões que podem ser usados na pregação da Palavra de Deus;
4. Estimular o aluno a se disciplinar na pregação de sermões organizados e práticos;
5. Ensinar o aluno como usar o texto bíblico, sem que ele possa fugir das verdades bíblicas e nem ignorar as necessidades da sua igreja.

III – LIVROS TEXTOS DA MATÉRIA:
1. Pregação e Pregadores, por D. Martyn Lloyd-Jones. Editora Fiel;
2. Como Preparar Mensagens Bíblicas, por James Braga. Editora Vida;
3. A Arte de Pregar – A comunicação na Homilética, por Robson Moura Marinho. Editora Vida Nova;
4. O Pregador Eficaz, Por Elienai Cabral. Editora CPAD, Edição 1981.

IV – EXIGÊNCIAS DA MATÉRIA:
1. Participação na avaliação dos sermões dos outros alunos;
2. Fazer dois esboços completos e entregar ao professor;
3. Pregar mensagens na sala de aula (25 e 30 minutos);
4. Preparar uma série de mensagens para uma conferência;
5. Preparar um calendário anual de pregação:
a. Deve cobrir 48 semanas;
b. São três grupos: escola dominical, culto à noite e o culto de oração;
c. Deve incluir o tema e referência do texto;
d. O calendário deverá ter mensagens doutrinárias, missionárias, para família, biográficas e aspectos da vida cristã (oração, evangelismo, santidade, etc).

V – MÉDIA:
A média será calculada seguindo os critérios abaixo:
1. Tarefas...........................25%
2. Esboços de sermões.......25%
3. Pregações.......................25%
4. Calendário......................25%
HOMILÉTICA – DEFININDO A HOMILÉTICA

I – INTRODUÇÃO: Deus planejou a Igreja para manifestar a Sua “multiforme sabedoria” através da mensagem (Ef 3:10). Em toda a história bíblica, Deus inspirou Sua Palavra na boca de arautos e na pena dos escritos. Profetas, reis e sacerdotes foram os pregoeiros de Deus no Antigo Testamento (A.T.). No Novo Testamento (N.T.), a proclamação da Palavra passou a ter significado importante através da pregação. A partir da experiência dos discursos em público, a oratória começou a ser encarada com interesse e seriedade pelos líderes da Igreja Primitiva. Surgiu, então, a necessidade de desenvolver “a arte de pregação” por métodos que incluíssem a oratória, a eloquência e a retórica. Esses três formam a Homilética Sacra.
II – DEFINIÇÃO DO TERMO TÉCNICO:
1. A palavra “HOMILÉTICA” deriva do grego.
a) “HOMILETIKE” – O ensino em tom familiar;
b) No grego clássico “HOMILOS” – Multidão, assembléia do povo;
c) O verbo “HOMILOS” – Conversar, discursar. De “Homileo” adaptou-se o termo “HOMILIA”;
d) Foi a partir da raiz, “HOMILETIKE”, que passamos a entender a forma de pregação dos apóstolos no primeiro século da Era Cristã.
III – DEFINIÇÃO DA PALAVRA HOMILÉTICA:
1. DEFINIÇÃO: É a ciência que estabelece regras básicas para a preparação de mensagens.
2. CITAÇÕES QUE DEFINE A HOMILÉTICA: Hoppin escreveu: “Homilética é a ciência que ensina os princípios fundamentais dos discursos em público, que proclamam o ensino da verdade divina em reuniões regulares para o exercício do culto”. Waltensi Leocática da Silva afirma que a “Homilética soma um complicado sistema de pregação, que se caracteriza pela harmonia entre o terreno e o celestial, o humano e o divino, o transitório e o eterno, o racional e o sobrenatural, em que Deus fala ao homem por meio de homem, fala do desconhecido usando o conhecido, fala ao homem na linguagem do homem”.

HOMILÉTICA – OS ELEMENTOS CHAVES DA HOMILÉTICA

I – INTRODUÇÃO: Todo pregador deve ter em mente o significado e a importância dos elementos chaves da homilética, que são: a Oratória, a Eloqüência e a Retórica.
II – A ORATÓRIA:
1. É a arte de falar em público;
2. Existem, pelo menos, cinco formas diferentes de oratória:
2.1. Oratória Acadêmica – É utilizada nos discursos universitários, nos grêmios literários e academias. É possível empregá-la nas escolas teológicas de grau superior.
2.2. Oratória Forense – É a que se emprega nos tribunais, exigindo dos oradores clareza, concisão e lógica nos seus discursos.
2.3. Oratória Política – É empregada nos discursos que tratam de assuntos do Estado. Exige-se eloqüência parlamentar, diplomática e popular.
2.4. Oratória Religiosa – É aquela que procura difundir a religião através da prédica.
2.5. Oratória Popular – É a fala discursiva desprovida de métodos e erudição, mas que acontece nas ruas, nos festejos e nos protestos sociais.
III – A ELOQÜÊNCIA:
1. É a faculdade adquirida ou aptidão natural do homem para persuadir, aperfeiçoada ou não pela arte.
2. A oratória só pode ser eloqüente se o pregador souber usar a palavra com arte sóbria, mas entusiasmada.
3. Não se deve confundir eloqüência com emoção. O pregador deve saber controlar suas emoções, sem porém neutralizá-las.
IV – RETÓRICA:
1. É o estudo teórico e prático das regras que desenvolve e aperfeiçoam o talento natural da palavra.
2. É o conjunto de regras que aprimora a eloqüência e dá à pregação (discurso) uma forma primorosa.
3. É o esforço para ajudar a eloqüência do pregador.

HOMILÉTICA – OS BENEFÍCIOS DA HOMILÉTICA

I – INTRODUÇÃO: A Homilética é cercada de enormes benefícios, tanto para o pregador, como para o ouvinte. Estaremos voltados agora, para mostrar cada um desses benefícios.

II – A HOMILÉTICA AJUDA A DESENVOLVER A VIDA ESPIRITUAL DO PREGADOR.
1. Não pode haver sussesso no ministério da Palavra sem o cultivo de uma vida espiritual dinâmica.
2. Não basta saber ou conhecer as regras homiléticas, é preciso ter uma vida de consagração. Para que a Palavra de Deus possa chegar aos corações dos ouvintes de maneira a desejarem a vida do pregador (I Ts 1:5).
3. Na medida em que o servo de Deus procura preparar uma mensagem, certamente haverá oportunidade de alimentar a sua vida espiritual.

III – A HOMILÉTICA AJUDA O PREGADOR A DESENVOLVER ESTILO PRÓPRIO.
1. O estilo é a maneira de o pregador expressar no sermão o seu pensamento.
2. Cada pregador tem características próprias e deve preservá-las, para que, no púlpito, sua autenticidade não seja apagada.
3. É comum aos iniciantes imitarem o estilo de pregadores que admiram, prática não recomendável, porque pode anular-lhes a personalidade.
4. “O estilo é o homem”, disse certo escritor. A linguagem, a forma e a expressão podem ser desenvolvidas pelo pregador, e o resultado será um estilo.
IV – A HOMILÉTICA APRIMORA A EXPRESSÃO CORPORAL DO PREGADOR.
1. De certa forma, o pregador é o sermão, porque é expresso através do corpo de quem o transmite.
2. A expressão corporal consciente e educada do pregador fará com que a mensagem seja um sucesso.
3. Não tenha o pregador no púlpito a imobilidade de uma estátua, tampouco a movimentação exagerada de um fantoche.
V – A HOMILÉTICA APRIMORA OS CONHECIMENTOS GERAIS.
1. A Bíblia incentiva a busca de conhecimentos gerais (Pv 3:13).
2. Indiscutivelmente, os conhecimentos gerais podem ajudar o pregador na preparação de seus sermões.
3. Tanto a preparação quanto a exposição de um sermão são enriquecidos com o grau de conhecimento do pregador.
4. Os conhecimentos não são a razão principal de um sermão, mas eles dão a forma e o enchimento que o esqueleto (esboço) requer.
5. Eles enriquecem o sermão com variedades de pensamentos que, transmitidos sob a unção do Espírito Santo, produzirão resultados positivos.
6. O pregador não deixará de ser espiritual por apresentar conhecimentos gerais em seus sermões. Pelo contrário, se acrescentá-los no sermão produzirá resultados surpreendentes.

VI – A HOMILÉTICA AJUDA A DESENVOLVER O RACIOCÍNIO DO PREGADOR.
1. Alguns pregadores têm dificuldade para reunir o espiritual e o racional dentro de uma pregação, pois entendem que só a parte espiritual prevalece no púlpito. É um modo errado de pensar. Tanto o racional quanto o espiritual precisam estar juntos durante a pregação.
2. O desenvolvimento do raciocínio basea-se em conhecimentos seculares e bíblicos. Esses conhecimentos assimilados dão ao pregador subsídios importantes aos sermões.
3. Como poderá um pregador desenvolver um bom sermão sem adquirir conhecimentos que lhe ajudem no raciocínio?
4. Portanto, ler e meditar na Palavra de Deus são requisitos importantes. Mas é bom que o pregador aprenda a buscar conhecimentos através de leituras seculares.

HOMILÉTICA – A VIDA DO PREGADOR

I – INTRODUÇÃO: O pregador é alguém que recebe a mensagem de Deus e entrega aos homens. É o que trata com Deus os interesses dos homens, e com os homens, os interesses de Deus. O pregador não é um entregador de recados. É um porta-voz de Deus. A pregação é a tarefa primordial da Igreja, por conseguinte, dos que exercem o ministério da Palavra. O pregador precisa ter uma vida devocional. A pregação sem devoção é vazia, ao preparar um sermão o pregador precisa dela, para meditar em oração e comunhão com Deus. Assim o canal divino fluirá sobre a mente do pregador, e fornecerá pensamentos ricos e inspirados. O cultivo espiritual deve ocupar o primeiro lugar na vida do pregador. O gabinete de estudo deve ser o seu recinto secreto, o altar da oração, o lugar da comunhão com Deus. A pobreza espiritual de muitos pregadores resulta da falta desse cultivo espiritual. Meditar, estudar e orar com devoção produz poderosos sermões. Para se tornar um bom pregador, o candidato precisa ter alguns requisitos básicos indispensáveis.
II – REQUISITOS BÁSICOS INDISPENSÁVEIS PARA O PREGADOR:
1. Precisa ser regenerado.
1.1. A experiência regeneradora do Espírito Santo é a primeira e a mais importante na vida do pregador.
1.2. Como poderá falar sobre a obra maior que o Espírito Santo realiza na vida de uma pessoa se não a tiver experimentado?
1.3. Os seminários teológicos estão cheios de pretensos pregadores, que aprendem tudo sobre a Bíblia e tornam-se oradores excelentes. Entretanto, ninguém será pregador autêntico sem a experiência da salvação. É preciso nascer de novo (Jo 3:3).
1.4. Há mistérios espirituais que só um regenerado poderá desvendá-los (I Cor. 2:14). Aos pregadores sem a regeneração a Bíblia os denomina “condutores cegos” (Mt 15:14).
2. Precisa ser chamado para ser pregador.
2.1. Ao pregador cristão é necessário a chamada. Não a simples vocação natural, mas especial, espiritual e divina.
2.2. No A.T., o ministério da Palavra era exercido especialmente pelos profetas, que no original hebraico (“nabhi”) significa “aquele que é chamado por Deus para falar a Palavra de Deus, sem omiti-la em nada e conforme a vontade divina”.
2.3. É preciso fazer distinção entre aqueles que se sentem chamados e os que, de fato, foram chamados a pregar. É necessário o chamado especial e o compromisso com este chamado, que é um desafio.
2.4. A Igreja sofreria menos com vocações equivocadas se tivesse mais cuidado na escolha daqueles que aspiram o ministério.
3. Precisa ter caráter.
3.1. Ao pregador, não só a regeneração e a vocação são importantes, mas também o cultivo do caráter moldado na Palavra de Deus.
3.2. Defini-se caráter como sendo aquilo que você é, e o que poderia vim a ser. Normalmente é o conjunto das qualidades físicas, intelectuais, sociais e espirituais de uma pessoa.
3.3. O caráter do pregador é a expressão máxima de sua personalidade, por isso, como em nenhuma outra vocação, no ministério o caráter é decisivo.
3.4. O caráter do pregador tem muito a ver com a eficiência da sua mensagem. O artista pode ser um devasso e assim mesmo produzir uma obra que desperte atenção; Com o pregador, os valores são outros, não se separam daquilo que diz e faz. A mensagem que prega tem de ser a expressão de sua própria vida e experiência.
4. Precisa ter experiência de vida cristã.
4.1. Mais uma vez ressaltamos que a mensagem pregada, antes de tudo, deve ser sentida e experimentada na vida do pregador.
4.2. O pregador não é um mercado. Ele dá ao povo da comida que já o saciou.
4.3. Charles. W. Koller, disse certa vez: “Sob o fardo da sua mensagem, ele não se considerará como um tubo pelo qual a verdade flui para os outros, mas como uma viva encarnação da verdade para a qual ele procura ganhar outros”.
4.4. É preciso que o pregador experimente primeiro a sua mensagem antes de pregá-la.
5. Precisa ter objetividade na mensagem.
5.1. O sucesso da pregação verifica-se quando a mensagem é objetiva e redunda em louvor e glória a Cristo, não ao pregador.
5.2. O propósito da pregação não é a exibição do pregador, mas a transmissão da mensagem divina.
5.3. O pregador não deve chamar a atenção para si. O objetivo da pregação é Cristo; o sermão deve desenvolve-se em torno da pessoa de Cristo; o resultado deve ser Cristo.
5.4. A objetividade envolve o alvo, o sucesso e o resultado da pregação.

6. Precisa saber transmitir a mensagem do Evangelho.
6.1. O pregador deve receber a mensagem divina e transmiti-la aos homens.
6.2. O pregador deve sempre olhar em duas direções: para Deus, na sua revelação aos homens; e para o povo, a quem ele tem de transmitir a mensagem de Deus.
6.3. O pregador não pode ocultar nem omitir a mensagem de Deus. Seu alvo é o povo.
6.4. Então é preciso que a transmissão da mensagem seja bem clara, caso contrário o povo não terá nenhum proveito.
6.5. A mensagem bem transmitida ela edifica, exorta e consola o público ouvinte.
7. Precisa ser um estudioso da Bíblia. Por quê?
7.1. Porque a Bíblia é a fonte da verdade que ele vai pregar (A.T. 28:31);
7.2. Porque a Bíblia é a fonte do seu poder (Hb 4:12; Rm 1:16);
7.3. Porque a Bíblia é a fonte do seu crescimento espiritual (I Pe 2:2; At 20:32);
7.4. Porque a Bíblia é a fonte geradora de fé (Rm 10:17);
7.5. Porque a Bíblia é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça (2Tm 3:16);
7.6. Porque só através da pregação da Bíblia é que o homem perdido poderá invocar o nome de Deus para ser salvo (Rm 10:13-14).
8. Precisa ter consciência do valor da alma (Mc 8:36).
8.1. Cristo deu Sua vida por causa das almas perdidas (Lc 19:10)
8.2. O Apóstolo Paulo estava pronto a ser anátema, separado de Cristo, por amor aos seus irmãos judeus (Rm 9:1-5).
8.3. Há uma festa no céu, quando uma alma se converte (Lc 15:7,10,32).
9. Precisa cuidar do seu corpo (At 20:28; ITm 5:23).
9.1. Boa saúde é indispensável ao pregador. No ministério sacerdotal do A.T. exigia-se saúde perfeita dos que exerciam o sacerdócio.
9.2. Dicas para se ter uma boa saúde:
9.2.1. O pregador precisa dormir bem, é indispensável para reparar a energia gasta durante o dia;
9.2.2. O pregador deve alimentar-se de maneira adequada, atentando para a qualidade e quantidade de comida;
9.2.3. É aconselhável que o pregador cultive atividades físicas e esportivas para melhor saúde do corpo e da mente. Diz um antigo ditado: “Mente sã em corpo são”. Mente e corpo sadios tornarão o pregador apto a pregar mensagens sadias.

HOMILÉTICA – O TEXTO BÍBLICO DO PREGADOR

I – INTRODUÇÃO: A Bíblia Sagrada é a principal fonte de inspiração do pregador. E o texto bíblico é a base do sermão. A palavra “texto” deriva do latim “texere” – “tecer”. Figurativamente pode significar compor, construir e reunir. Portanto, o texto bíblico fornece ao pregador o tecido e a composição organizada dos pensamentos do sermão.
II – VANTAGENS DE SE TER UM TEXTO BÍBLICO:
1. Dá um tom sagrado ao sermão;
2. Oferece oportunidade de explicar passagens bíblicas;
3. O texto bíblico fortalece a autoridade espiritual ao sermão, porque reforça o conceito de que a Palavra de Deus é o fundamento e sustentáculo da mensagem;
4. O texto bíblico produz unidade de pensamentos na ordem do sermão;
5. O texto bíblico impede o desvio de temas doutrinários;
6. Desperta o interesse do ouvinte;
7. O texto bíblico prende o pregador dentro do tema da mensagem;
8. Dá maior variedades de sugestões ao pregador;
9. Lembra o pregador de pregar a Bíblia;
10. O texto bíblico preserva o sermão das divagações.
III – REGRAS PARA A ESCOLHA DO TEXTO:
1. Escolha textos que expressem um pensamento completo;
2. Escolha textos claros, que facilitem o entendimento dos ouvintes. Evite os textos obscuros;
3. Escolhas textos objetivos, isto é, que respondam as necessidades espirituais, físicas, morais e materiais dos seus ouvintes;
4. Escolha textos que despertem o interesse do auditório;
5. Escolha textos que estejam nos limites de sua capacidade de interpretação;
6. Escolha textos cujo fio de pensamento possa ser lembrado com facilidade pelo pregador e pelo auditório;
7. Escolha textos que legitimem o tema do sermão. Se não tiverem relação direta e objetiva com o tema, criarão dúvidas na mente dos ouvintes. Tema e texto devem estar irmanados.

HOMILÉTICA – INTERPRETANDO O TEXTO BÍBLICO

I – INTRODUÇÃO: Os textos bíblicos, tanto os que formam a base do sermão quanto os que servem de apoio e referência, merecem cuidados especiais, pois se trata da Palavra de Deus. Ao preparar o sermão siga as regras de interpretação da Bíblia, para evitar desvios doutrinários. Explicações supérfulas podem acarretar danos espirituais aos ouvintes. Por isso, cada enfoque bíblico deve estar alicerçado numa interpretação correta. A ciência responsável por interpretar a Bíblia, é a “HERMENÊUTICA”. Deriva do termo grego “HERMENEUTIKE”, que, por sua vez, se deriva do verbo “HERMENEUO” significando: “arte de interpretar os livros sagrados e os textos antigos”. No presente estudo vamos mostrar a importância e os critérios da hermenêutica sagrada.

II – A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA:
1. A hermenêutica ajuda o crente a defender sua fé dos ataques das seitas heréticas. E como ele irá fazer isso de forma convincente, inteligente e diligente se não saber manusear convenientemente a Palavra de Deus e, ainda, ignorando os princípios da sua interpretação?
2. A hermenêutica é de suma importância para todos os que lidam com a Palavra de Deus. Isto inclui necessariamente os futuros ministros do Evangelho e os crentes em geral;
3. A hermenêutica inteligente das Escrituras Sagradas supre o material indispensável à base e à alimentação da nossa fé e do conteúdo da nossa teologia;
4. A hermenêutica ajuda o pregador a fazer uma exegese bíblica sadia, bem fundamentada.

III – QUALIDADES DE UM INTERPRETADOR BÍBLICO:
1. Precisa ser salvo (ICor 2:14; At 8:31-35);
2. Precisa do temor do Senhor (Pv 1:7);
3. Precisa da dependência do Espírito Santo (ICor 2:6-13).

IV – REGRAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA:
1. Interpretar fiel e corretamente o texto.
1.1. É de importância capital interpretar o texto de acordo com o seu sentido real;
1.2. Jamais se dê ao texto bíblico um sentido que ele não tem. É desonesto forçar uma passagem, para que favoreça uma posição ou ponto de vista pessoal;
1.3. Jonh Broadus declara que certos pregadores espiritualizam ou materializam grosseiramente textos claros.

2. Recorra ao contexto da passagem.
2.1. Significa examinar o que precede e sucede ao texto, que, por regra de hermenêutica, não pode ser interpretado isoladamente;
2.2. Pregadores normalmente são tentados a apoiar seu pensamentos em textos isolados, mas a interpretação torna-se superficial, e peca por não levar em consideração seu verdadeiro sentido;
2.3. O contexto das passagens bíblicas oferece subsídios variados ao intérprete: (história, gramática, autoral doutrinário, lingüístico, geográfico, etc.);
2.4. Nenhuma frase ou declaração da Bíblia pode ser usada para representar alguma verdade sem se considerar o seu contexto.
3. Explicar a Escritura pela Escritura.
3.1. Em outras palavras, a Bíblia interpreta a si mesma;
3.2. O confronto da Bíblia com a Bíblia resolve aparentes contradições, e esclarece o texto.
3.3. A Bíblia deve ser seu próprio comentário. Compare a Escritura com a Escritura. A Bíblia é facilmente interpretada pela Bíblia.
4. Interpretar o texto conforme o ensino geral da Bíblia.
4.1. Se uma passagem oferece interpretação contrária a alguma doutrina fundamental do Cristianismo, deve ser falso.
4.2. Tudo o que for revelado ou experimentado sem o apoio das Escrituras sem o apoio das Escrituras é falso. Alguns pregadores diz ter recebido revelação especial sobre um texto, mas cujo conteúdo se choca frontalmente com o ensino bíblico (IIPe 1:12-21).
5. As Escrituras tem somente uma interpretação.
5.1. Nenhuma pessoa séria permitiria que as suas palavras tivessem dupla interpretação. Ao contrário, desejaria que o sentido claro e verdadeiro de suas palavras fossem entendidas pelos ouvintes ou leitores.
5.2. Os textos bíblicos podem ter várias aplicações, mas tem somente uma interpretação.
5.3. Você já ouviu esse ditado: “A Bíblia tem várias interpretações, cada pessoa escolhe a que lhe for melhor”. Isso é um absurdo, tal ditado é de tamanho mal gosto.
5.4. O pregador leal a Deus, vai sem dúvida alguma procurar extrair do texto base da sua mensagem, a verdadeira interpretação verdadeira.
V – PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL:
1. A Escritura deve ser interpretada no sentido literal.
1.1. O sentido literal de uma palavra é o seu significado básico, costumeiro e social. O sentido espiritual de uma palavra ou expressão é o que deriva do significado literal e dele depende para sua existência.
1.2. Interpretar literalmente significa nada mais, nada menos que interpretar sob o aspecto do significado normal, costumeiro. Quando o manuscrito altera seu significado, o intérprete imediatamente altera seu método de interpretação.
1.3. O pregador deve interpretar as passagens de maneira literal, a menos que o contexto peça outra tipo de interpretação, caso contrário a interpretação primordial é a literal.
1.4. Henrichesen diz que o pregador que não interpreta literalmente o texto bíblico, é porque ele tem duas razões:
1.4.1. Quer por em dúvida o que a passagem diz, simplesmente porque não quer obedecer o que ela ordena;
1.4.2. Interpreta figuradamente porque ela não se enquadra na sua tendência teológica preconcebida.
2. As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas no sentido que tinha no tempo do autor.
2.1. Determinar o correto sentido das palavras na Bíblia não chega a ser tão difícil quanto possa parecer a princípio. No entanto, se algum esforço deve feito neste sentido, vale a pena pagar o preço.
2.2. Certo pregador afirmou em sua mensagem que Jesus tocou instrumento. Indagado sobre que tipo de instrumento Jesus tocou, disse ele: “esquife”, e citou Lucas 7:24: “Chegando-se, tocou o esquife, e parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: Levanta-te”.
2.3. Aí está um exemplo de necessidade de se entender o sentido e o uso da palavra na época em que foi escrita. Só assim evitaremos erros como esses.
3. As palavras do texto bíblico devem ser interpretados em relação à sua sentença e ao seu contexto.
3.1. O contexto é formado de todos os elementos de informação que circundam o texto. Citemos um exemplo apenas: Imaginemos que você esteja lendo 2 Pe 3:9, e queira saber a extensão da longanimidade de Deus, em querer o arrependimento de todos (QUEM SÃO ESSES TODOS?). O QUE FAZER?
3.1.1. Parta do texto escolhido, e o estude à luz do seu contexto, no caso todo capítulo 3 de Pedro.
3.1.2. Faça as seguintes perguntas:
 Como esta passagem se relaciona com o contexto?
• Como se relaciona com o restante do livro?
 Como se relaciona com a Bíblia como um todo?
 Como se relaciona com a cultura e com o pano de fundo em que foi escrito?
3.1.3. Responder essas quatro questões é especialmente importante quando você está tentando interpretar uma passagem difícil.
4. Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada.
4.1. O texto bíblico pode requerer interpretação figurada não só quando fala dum objeto inanimado para descrever um ser vivo, mas também quando uma expressão não caracteriza a coisa descrita.
4.2. Exemplo: No Evangelho de João, encontramos grandes passagens que ilustram a regra onde objetos inanimados são usados para descrever um ser vivo. Ali encontramos Jesus dizendo:
► Eu sou o pão da Vida;
► Eu sou a luz do Mundo;
► Eu sou a porta;
► Eu sou o caminho;
► Eu sou a videira;
► Eu sou o bom pastor.
É evidente que nenhum estudioso cuidadoso da Bíblia chegaria às raias do absurdo, a ponto de acreditar que os substantivos simples “pão”, “luz”, “porta”, “caminho” e “videira”, tenham relação literal e não figurada com a pessoa de Jesus Cristo.
4.3. Para Deus falar conosco, precisa usar figuras e imagens humanas, a fim de comunicar-nos a verdade divina. Essas figuras e imagens são veículos (terreno, humano) que leva à compreensão da verdade espiritual.
5. As principais partes e figuras de uma parábola representam certas realidades. Considere as principais partes e figuras somente quando estiver tirando conclusões.
5.1. As parábolas contadas por Cristo tinha dois propósitos: (1o)Esclarecer os ensinos sobre os mistérios do reino, para os que estavam dentro do reino; (2o)Endurecer o coração dos que estavam fora do reino.
5.2. As parábolas eram consideradas estórias para aqueles que não pertenciam ao reino de Deus; para esses, os ensinos sobre os “mistérios”, estavam ocultos. Estes mistérios pertenciam exclusivamente à Igreja e podiam ser descobertos por meio de alegorias.
5.3. Um exemplo de má interpretação de parábolas.
► Foi dessa forma que Agostinho ofereceu a seguinte interpretação da parábola do Bom Samaritano:
“Certo homem...” – Adão
“... Jerusalém...” – A cidade celestial da paz, da qual Adão caiu.
“...Jericó...” a lua, assim significa a mortalidade de Adão.
“...salteadores...” – o Diabo e seus anjos.
“o sacerdote e o levita” – o sacerdócio e ministério do A.T.
“o samaritano” referência a Cristo.
“pensou-lhe os ferimentos” – significa restringir o constrangimento ao pecado.
“óleo” – o consolo da boa esperança.
“vinho” – a exortação para trabalhar com um espírito fervoroso.
“animal” –a carne da encarnação de Cristo.
“hospedaria” – a Igreja
“dia seguinte” – depois da ressurreição.
“dois denários” – a promessa desta vida e a do porvir.
“hospedeiro” – Paulo
Apesar do colorido dessa interpretação, podemos ter a certeza de que não é o que Jesus queria dizer. Afinal, o contexto claramente exige uma compreensão de relacionamentos humanos (“Quem é o meu próximo”), e não os relacionamentos divino e humano.
5.4. O que fazer quando você tiver de interpretar uma parábola, siga a seguinte orientação:
5.4.1. Determine o propósito da parábola;
5.4.2. Certifique-se de que explica as diferentes partes em harmonia com o fim principal contido no ensino da parábola;
5.4.3. Use somente as principais partes da parábolas ao explicar a lição;
5.4.4. Não queira dá o sentido a cada parte da parábola.

VI – PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃO:
1. Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la teologicamente.
1.1. O pregador precisa entender o que diz a passagem lingüisticamente, antes de poder esperar entender o que ela quer dizer, isto é, o seu sentido.
1.2. Para compreender uma passagem bíblica o pregador precisa fazer mais do que simplesmente lê-la, é preciso estudá-la cuidadosamente.
1.3. Portanto, você deverá compreender o que diz uma passagem, antes de extrair qualquer conceito ou conclusões doutrinárias.

2. Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o que as Escrituras dizem sobre ela.
2.1. O propósito básico desta regra de interpretação é determinar a verdade doutrinária do texto bíblico.
2.2. A doutrina é determinada pelas passagens que proclamam a vontade de Deus para os homens em todos os tempos.
2.3. O princípio eterno deve ser levado em consideração na observância dessa regra de interpretação, embora às vezes seja menos claro nas Escrituras do que o mandamento direto.
2.4. A falta de diligência na busca de argumentos bíblicos legítimos pode levar o crente descuidado a não poucos impasses no momento de definir uma verdade doutrinária.
2.5. Sua convicção doutrinária requer cuidadoso e completo estudo da Bíblia. Não existe atalho. Os seus estudos doutrinários constituem a espinha dorsal das suas convicções espirituais, e, por sua vez, você só pode chegar a estes estudando tudo o que a Bíblia diz sobre o assunto. Aquele que se dá apenas ao vago trabalho de arranhar a capa da Bíblia, será um pregador superficial de generalidades fúteis, que em nada edificará a si mesmo, nem aos seus ouvintes.
3. Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, aceita ambas como escriturística, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro duma unidade mais elevada.
3.1. O sadio hábito de manuseio diário das Escrituras deve nos ensinar que as páginas da Bíblia, aqui, ali e acolá, contêm registros de fatos e verdades de difícil assimilação à finita mente humana.
3.2. É preciso que o pregador tenha humildade para, prostrar-se diante do Senhor de toda a ciência, dizer: “Eu não compreendo isto, Senhor” (Dn 12:8-9).
3.3. EXEMPLO: A PERSPECTIVA DE PAULO E TIAGO SOBRE A DOUTRINA DA SALVAÇÃO: Paulo (Ef 2:8-10) Tiago (Tg 2:21-26)..
VEJA O QUE AGOSTINHO FALOU ACERCA DA DOUTRINA DA TRINDADE: “Quem compreende a Trindade Onipotente? E quem não fala dela ainda que não compreenda? É raro a pessoa que, ao falar da Santíssima Trindade, saiba o que diz. Contendem e discutem. E contudo ninguém contempla esta visão sem paz interior”.
Como alguém disse certa vez acerca da doutrina da trindade: “Tente explicá-la, e perderá a cabeça; Mas tente negá-la, e perderá a alma”.
3.4. Algum dia, compreenderemos melhor todas as questões de difícil interpretação bíblica. Quem busca resposta para todas as indagações da vida nunca se satisfará com o que sabe, viverá em constante tensão e perderá o equilíbrio. Portanto, não force as Escrituras a conciliar dois ensinamentos conflitantes. Nossa lealdade não é primordialmente a um sistema teológico, seja ele definido por quem quer que seja. Nossa lealdade se deve primeiro às ESCRITURAS. Por isto devemos evitar que elas digam além do que realmente dizem. Na proporção em que a Escritura fala com clareza, podemos falar com clareza, porém, quando ela fizer silêncio, devemos fazer silêncio também (Dt 29:29).
4. Um ensinamento simplesmente implícito nas Escrituras pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens intercambiáveis o apóia.
4.1. Esta regra de interpretação teológica das Escrituras é de grande valor para o estudante da Bíblia. Ela lhe dá a possibilidade de explorar o grande potencial das Escrituras numa área, na maioria das vezes desconhecida. Esta regra o ajudará a extrair água da rocha e a achar frutos maduros em pleno deserto.
4.2. EXEMPLO: Certa ocasião Jesus se viu envolvido numa discussão com os saduceus quanto a questão da ressurreição. – Onde Jesus encontrou recursos para combater os saduceus, inimigos declarados da doutrina da ressurreição? – No Antigo Testamento, evidentemente. Atente para as palavras de Jesus:
“Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes ligo no livro de Moisés, no trecho referente à sarça, como Deus falou: Eu sou o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, ora, ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos. Laborais em grande erro.”.
Citando Ex 3:15, Jesus pontifica que o A.T. prova a ressurreição dos mortos, uma vez que Deus é Deus de vivos. Este raciocínio é dedutivo, e pode ser aplicado da seguinte maneira:
 Primeira Premissa – Deus é Deus de vivos;
• Segunda Premissa – Deus é Deus de Abraão, Isaque e Jacó;
► Conclusão – Abraão, Isaque e Jacó estão entre os que vivem.
4.3. Você precisa estar certo de que as deduções que faz estão verdadeiramente implícitas nas Escrituras das quais as extraiu, e de que você verificou e comparou passagens correlatas sobre o assunto. Este cuidado se explica pela facilidade de se fazer mau uso deste princípio em estudo e se chegar a conclusão antibíblicas.
VII – FATORES DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA: (COLHENDO O MATERIAL)
1. Analisando o contexto do livro.
 PASSO 1 – Leituras preliminares.

• PASSO 2 – Análise do contexto literário.
a. O QUE É?
É a descoberta e análise do tipo de literatura do livro onde a passagem se encontra. Procura-se saber: para que serve este tipo de literatura, em que consiste suas características e funções.
b. POR QUE?
b.1. A Bíblia contém vários tipos de literatura: Narrativas históricas, poesia, cânticos, profecias, cartas, etc.
b.2. O tipo de literatura afeta a mensagem da passagem, pois não entenderemos uma passagem que venha em linguagem poética da mesma forma que uma que seja uma narrativa, ou ainda da mesma forma que interpretamos uma carta.
b.3. Por causa disto devemos entender as características, propósitos e outras informações que forem necessárias sobre o tipo de literatura que vamos pregar. Isto nos ajudará a interpretarmos corretamente a passagem.
c. COMO É FEITO?
c.1. Observando o lugar que o livro ocupa em nossas versões. Pois eles arrumados de acordo com o tipo de literatura a que pertencem. (VER NA PRÓXIMA PÁGINA A CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS BÍBLICOS).
c.2. Buscando auxílio em introduções, comentários, dicionários bíblicos, etc).
 PASSO 3 – Analisando o contexto histórico.
a. O QUE É?
É descobrir a situação na qual o texto está inserido. Procurando saber: quem escreveu, para quem, porque, e quaisquer outras informações que possam nos dar razão da existência desta passagem. Aqui procuraremos situar o livro no tempo e no espaço, descobrindo dados sobre o autor, ocasião, destinatário e propósitos.
b. POR QUE?
b.1. As informações sobre o autor, destinatário, razões e propósitos do autor, etc, são importantíssimas para o entendimento do texto, pois elas nos ajudarão a ver o que o autor pretendeu e como os primeiros leitores poderiam tê-lo entendido.
b.2. A Bíblia nos foi dada em situações históricas. Ela não é resultado de passatempo de seu escritores, nem de abstrações deles sobre assuntos que não tinham relacionamento com as condições que o povo de Deus enfrentava, pelo contrário, eles escreveram visando orientar e auxiliar o povo em situações concretas. Procuravam auxiliá-los a resolver os problemas que estavam enfrentando em suas vidas. Portanto, para entendemos o texto corretamente, precisamos ver em qual situação o livro foi escrito, que necessidades ocasionaram, etc.
b.3. Além de nos ajudar no entendimento correto da passagem, o estudo do contexto da mesma fornecerá material que poderá servir de ilustrações nos sermões, facilitará a aplicação correta da passagem, evitando aplicações erradas e estranhas.
b.4. Outro valor deste estudo é que ajudamos o povo de Deus a ter um conhecimento mais amplo das Escrituras. Mas, o maior valor desta pesquisa é que dá ao pregador um domínio das Escrituras.
c. COMO FAZER?
c.1. Através de leituras do próprio livro, lendo várias vezes e de preferencia em versões diferentes, procurando as respostas para as seguintes perguntas: Quem escreveu? Para quem? Quando? Quando? Por que? Quais as características do autor e destinatários?
c.2. Evidentemente que nem todos os livros da Bíblia trazem estas respostas, por isto é que usamos nosso conhecimento anterior sobre o livro. Veremos o que é dito sobre o autor, destinatário, assunto, em outras partes da Bíblia.
c.3. Finalmente consultaremos introduções, comentários sobre o livro, dicionários e enciclopédias da Bíblia, para termos as respostas que procuramos.

 PASSO 4 – Analisando o contexto teológico.
a. O QUE É?
É a busca dos temas e ênfases teológicos do livro. Estaremos perguntando o que o autor estava querendo transmitir.
b. POR QUE?
Precisamos ver a ênfase teológica do autor para:
► entendermos a mensagem de uma passagem específica;
► e, especialmente, evitarmos tirar um ensinamento particular que venha ser contrário ao propósito do autor.
c. COMO FAZER?
c.1. Parte do trabalho já foi feito em passos anteriores:
► releia o que você descobriu sobre o propósito do livro;
► releia as palavras ou expressões chaves que você selecionou em cada capítulo.
c.2. Veja quais palavras se destacam no todo do libro, e não apenas num capítulo. Faça uma lista delas.
c.3. Procure num dicionário o sentido destas palavras ou expressões chaves.
c.4. Verifique quais destes sentidos é o pretendido pelo autor.
c.5. Consulte manuais de Teologia Bíblica, introduções e comentários sobre o livro para entender estas doutrinas à luz do contexto do autor.
 PASSO 5 – Contando a história e o panorama do livro.
a. O QUE É?
É a montagem do filme. Quando o pregador vai rever o material pesquisado até aqui e selecionar o que julga importante para sua congregação saber para que possa entender o livro. Se ele não for pregar uma série de mensagens que inclua o livro, inteiro, mas antes apenas uma mensagem do livro, ele deve selecionar aqueles dados que auxiliarão no entendimento daquela passagem.
b. POR QUE?
O pregador não deve detalhar todas as descobertas desta pesquisa no sermão, elas “...fornecerão um cenário de fundo e, por vezes, brilharão através do sermão; mas seu principal valor é dar ao pregador uma firme compreensão da passagem”.
c. COMO FAZER?
O pregador deve perguntar:
1. Quais destes dados auxiliarão a minha congregação a compreender melhor o livro?
2. Quais dados irão acrescentar algo ao seu conhecimento bíblico?

Se o pregador vai pregar apenas uma passagem do livro deve perguntar:
1. Como esta passagem se encaixa no livro?
2. Como ela coopera para o propósito do autor?
3. Como se enquadra em sua ênfase teológica?
4. Como se encaixa em sua estrutura?

Depois ele deve redigir estas informações de forma que possa ser comunicadas ao seu auditório.

HOMILÉTICA – CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES

I – INTRODUÇÃO: Há muitos tipos de sermões e vários meios de classificá-los. Na tentativa de classificá-los, os autores de obras de homilética usam definições diversas que às vezes sobrepõem. Alguns escritores classificam os sermões de acordo com o conteúdo ou assunto; outros, segundo a estrutura; e ainda outros quanto ao método psicológico usado no momento da apresentação da mensagem. Existem outros métodos, mas talvez o menos complicado seja a classificação em temáticos, textuais e expositivos.
II – SERMÃO TEMÁTICO:
1. Começamos a apresentação do sermão temático com uma definição que, se o estudante compreender bem, terá dominado os elementos básicos da redação temática.
1.1. Sermão temático é aquele cujas divisões principais derivam do tema, independentemente do texto.
1.2. Seu principal propósito é o assunto que se vai apresentar, e não o texto bíblico.
1.3. Suas divisões principais devem ser extraídas do próprio tema do sermão. Isso significa que o sermão temático tem início com um tema, e que suas divisões principais consistem em idéias derivadas desse assunto.
1.4. O sermão temático não requer um texto como base de sua mensagem. Isso não significa que a mensagem não seja bíblica, mas apenas que a fonte do sermão temático não é um texto bíblico.
1.5. Entretanto, para termos a certeza de que o conteúdo da mensagem será totalmente bíblico, devemos iniciar com um tema tirado da Bíblia. As principais divisões do esboço do sermão devem basear-se nesse tópico, e cada divisão principal deve apoiar-se numa referência bíblica. Os versículos nos quais se fundamentam as divisões principais devem ser, em geral, extraídas de porções bíblicas mais ou menos distantes uma das outras.
1.6. No sermão temático, o texto bíblico fornece o assunto, a idéia e o pensamento que norteará a mensagem. Tecnicamente, o sermão temático é aquele que deve sua forma ao desenvolvimento da verdade que está em volta do tema.
2. Exemplo de sermão temático:
► A fim de compreendermos com maior clareza a definição, trabalhemos juntos num esboço simples: O sermão escolhido tem como tema: “Razões para a oração não respondida”. Note que não estamos usando um texto, mas um tema bíblico. Deste tema vamos derivar as divisões principais. Portanto precisamos descobrir o que a Bíblia apresenta como razões para oração não respondida. Neste ponto é necessário termos uma boa Bíblia de referências e uma concordância bíblica completa, para acharmos com maior facilidade as referencias relacionadas com o tema do sermão temático. Com a ajuda da chave bíblica descobrimos as seguintes causa para a oração não respondida:
I. Pedir mal – Tg 4:3
II. Pecado no coração – Sl 66:18
III. Duvidar da Palavra de Deus – Tg 1:6-7
IV. Vãs repetições – Mt 6:7
V. Desobediência à Palavra – Pv 28:9
VI. Procedimento irrefletido nas relações conjugais – I Pe 3:7
Aqui temos um esboço temático bíblico, cujas divisões principais derivam do tema, “razões para a oração não respondida”, e são sustentados por um versículo da Bíblia.
 TAREFA PARA PRÓXIMA AULA: FAZER UM SERMÃO TEMÁTICO E APRESENTAR NO QUADRO NEGRO.
3. Vantagens do sermão temático:
3.1. É mais fácil de preparar. Porque o pregador preocupa-se mais com o assunto do sermão do que com o texto.
3.2. É mais fácil conseguir uma unidade. O pregador consegue com maior facilidade formar o esboço do sermão uma vez que sua idéia inicial e final são a mesma idéia.
3.3. O campo de ação desse tipo de sermão é maior, abre espaço para o pregador desenvolver melhor seus pensamentos.
3.4. Favorece a análise lógica que o pregador pode desenvolver no tratamento do assunto escolhido. Quando o pregador encontra, em algum texto bíblico, um tema interessante, ele pode, através da análise lógica, dar forma a sua mensagem.
4. Princípios básicos da preparação de sermões temáticos:
4.1. As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica. Isto significa que devemos ter como alvo desenvolver o esboço em progressão lógica, que será determinada pela natureza do tema.
EXEMPLO: Título: “Digno de Adoração”.
Tema: Verdades vitais referentes a Jesus.
I. Ele é Deus manifesto na carne – Mt 1:23
II. Ele é Salvador dos homens – I Tm 1:15
III. Ele é Rei vindouro – Ap 11:15.
Observe que este esboço está em ordem lógica. Jesus Cristo, Filho de Deus, primeiramente se encarnou, depois foi à cruz e deu a vida para torna-se nosso Salvador, e algum dia virá para reinar como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Observe também que, de acordo com a definição de sermão temático, as divisões não são tiradas do título, mas do tema. O mesmo se aplica a todos os esboços temáticos apresentados neste estudo.
4.2. As divisões principais podem ser uma análise do tema.
Na análise de um tema é preciso que o dividamos em suas partes básicas e que cada divisão do esboço contribua para a inteireza da apresentação do tema.
EXEMPLO: Tomemos como tema os fatos principais a respeito de Satanás, apresentados na Bíblia. Usando “Satanás, Nosso Arquiinimigo” como título, podemos analisar o tema da seguinte maneira:
Título: “Satanás, Nosso Arquiinimigo”
Tema: Principais fatos bíblicos a respeito de Satanás.
I. Sua origem – Ez 28:12-17
II. Sua queda – Is 14:12-15
III. Seu poder – Ef 6:11-12; Lc 8:12; I Ts 2:18.
IV. Suas atividades – 2 Cor 4:4; Lc 8:12; I Ts 2:18
V. Seu destino – Mt 25:41
Note que se omitíssemos a Segunda divisão principal deste esboço, não Teríamos uma análise satisfatória do tema, pois faltaria uma característica básica.
4.3. As divisões principais podem apresentar as várias provas de um tema.
EXEMPLO: Título: “Conhecendo a Palavra de Deus”
Tema: Alguns benefícios do conhecimento da Palavra de Deus.
I. Torna a pessoa sábia para a salvação – 2 Tm 3:15
II. Impedinos de pecar – Sl 119:11
III. Produz crescimento espiritual – I Pe 2:2
IV. Resulta num viver vitorioso – Js 1:7-8
Vemos que cada uma das divisões principais deste esboço apoiam o tema: cada afirmação nas divisões principais montra um dos benefícios do conhecimento da Palavra de Deus.
4.4. As divisões principais podem tratar um assunto por analogia ou por comparação com algo mais na Escritura.
Um esboço temático desse tipo compara ou contrasta o assunto com algo a que se relacione na Bíblia.
EXEMPLO: Lemos em Mt 5:13 que o Senhor Jesus disse: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens”. Um exame do contexto deste versículo indica claramente que Cristo se refere ao testemunho do crente e o compara ao sal. Podemos, pois construir um esboço com o título: “Testemunho Eficaz”, no qual cada divisão consista numa comparação do testemunho do crente como o sal:
Título: “Um Testemunho Eficaz”
Tema: Comparação do testemunho do crente com o sal.
I. Como o sal, o testemunho do crente deve temperar – Cl 4:6
II. Como o sal, o testemunho do crente deve purificar – ITs 4:4.
III. Como o sal, o testemunho do crente não deve perder o sabor – Mt 5:13.
IV. Como o sal, o testemunho do crente deve produzir sede – I Pe 2:12.
4.5. As divisões principais podem ser repetições de uma palavra ou frase tirada da Escritura.
EXEMPLO: A frase “Deus pode” ou “Ele pode” ou “Ele é poderoso” (na qual o pronome “ele” se refere ao Senhor) ocorre várias vezes na Bíblia. Tendo esta proposição como base de cada divisão principal, obtemos o seguinte esboço:
Título: “A capacidade de Deus”.
Tema: Algumas coisas que Deus pode fazer.
I. Ele pode salvar – Hb 7:25.
II. Ele pode guardar – Jd 24.
III. Ele pode socorrer – Hb 2:18
IV. Ele pode subordinar – Fp 3:11.
V. Ele pode conceder graça – 2 Cor 9:8.
VI. Ele pode fazer muito mais do que pedimos – Ef 3:20.

III – SERMÃO TEXTUAL:
1. No sermão textual temos um tipo de discurso diferente do sermão temático. Neste, iniciamos com um texto; naquele, começamos com um tema. Observe com cuidado a definição de sermão textual:
1.1. Sermão textual é aquele em que as divisões principais são derivadas de um texto constituído de uma breve porção da Bíblia. Cada uma dessas divisões é usada como uma linha de sugestão, e o texto fornece o tema do sermão.
1.2. No sermão textual as divisões principais do sermão é tirada do próprio texto. Desta maneira, o esboço principal mantém-se estritamente dentro dos limites do texto.
1.3. No sermão textual as divisões principais são encontradas nos versículos, dos quais se tirará as idéias que se deseja apresentar.
1.4. No sermão textual o texto fornece o tema do sermão. Em contraste com o sermão temático, no qual se inicia com o tema, agora iniciamos com um texto, que indicará a idéia dominante da mensagem.
2. EXEMPLO: Como primeiro exemplo, tomemos Esdras 7:10, que diz: “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.”. Muitas vezes é útil consultar uma tradução moderna a fim de se obter um significado mais claro da passagem.
Examinando com cuidado o texto, observamos que o versículo tem como centro o propósito do coração de Esdras, e assim traçamos as seguintes divisões do versículo:
I. Esdras disposto a conhecer a Palavra de Deus, “Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor”.
II. Estava disposto a obedecer à Palavra de Deus, “e para a cumprir”.
III. Esta disposto a ensinar a Palavra de Deus, “e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”.
► CONTINUAÇÃO DO EXEMPLO DE SERMÃO TEXTUAL:
Um bom tema, tirado das idéias sugeridas no texto, pode ser, “o propósito do coração de Esdras” ou “os três propósitos principais de Esdras”.
Baseado nas divisões principais e no tema sugerido, aí poderemos elaborar o titulo, algumas sugestões: “Priorizando às coisas espirituais”, “Priorizando às coisas importantes”, “Um propósito louvável”.
Ao fazer o esboço de Esdras 7:10 em sua totalidade, deve-se tornar ainda mais clara que cada divisão principal tirada do texto serve como linha de sugestão. As subdivisões não passam de um desenvolvimento das idéias contidas respectivamente nas divisões principais; porém, o material das subdivisões é extraído de outra parte das Escrituras.
Título: “Um propósito louvável”
Tema: O propósito do coração de Esdras.
I. Estava disposto a conhecer à Palavra de Deus.
1. Numa corte pagã (vs 14;24)
2. De maneira completa (vs 11,12 e 21)
II. Estava disposto a obedecer à Palavra de Deus.
1. Prestar uma obediência pronta (Cap 9 e 10)
2. Prestar uma obediência completa.
3. Prestar uma obediência contínua.
III. Estava disposto a ensinar a Palavra de Deus.
1. Com clareza. (Ne 8:5-12).
2. Ao povo de Deus.
Observe que o título do sermão é relacionado com o tema. Convém mencionar que o título também pode ser diferente do tema. O exemplo do esboço textual dado acima deve ser suficiente para mostrar que as divisões principais no esboço textual devem ser tiradas do versículo ou versículos que formam a base da mensagem, ao passo que as subdivisões podem ser extraídas do mesmo texto ou de outras partes das escrituras, desde que as idéias contidas nelas sejam um desenvolvimento adequado de suas respectivas divisões principais.
3. Sugestões que ajudam na preparação do sermão textual.
3.1. O pregador deve ter habilidade para tratar o texto com respeito exegético que ele merece.
3.2. O pregador deve pesquisar o seu contexto gramatical, histórico, geográfico e doutrinário, a sua linguagem literal ou figurada etc, é o requisito mínimo para se elaborar um sermão textual com eficiência e clareza.
4. Princípios básicos para a pregação de sermões textuais.
4.1. O sermão textual deve girar em torno de uma idéia principal, e as divisões principais devem desenvolver essa idéia.
EXEMPLO: Título: “Um relacionamento maravilhoso” Sl 23.
Tema: “Relacionamento do Senhor com o crente”
I. É um relacionamento seguro: (vs 1-3) “nada me faltará”
II. É um relacionamento pessoal: (vs 4-5) “tu estás comigo”
III. É um relacionamento presente: (vs 6) “me seguirão todos os dias da minha vida”.
Ao prepararmos um esboço textual às vezes descobrimos que as divisões principais de alguns textos são tão claros que teremos pouca ou nenhuma dificuldade em encontrar o seu relacionamento com uma idéia dominante. Mas, em geral, é melhor descobrir primeiro o assunto do texto, pois ficará mais fácil discernir as divisões principais.
4.2. As divisões principais podem ser extraídas de verdades ou princípios sugeridos pelo texto.
EXEMPLO:
Título: “As grandes semelhanças da vida” – João 20:19-20.
Tema: Semelhanças do povo de Deus com os discípulos.
I. Às semelhança dos discípulos, o povo de Deus às vezes se encontra perturbado, sem a consciência da presença de Cristo, (v 19a)
1. Às vezes se encontra profundamente perturbados por causa por causa de circunstâncias adversas.
2. Às vezes se encontra desnecessariamente perturbados em meio a circunstâncias adversas.
II. À semelhança dos discípulos, o povo de Deus experimenta o consolo de Cristo, (vs 19b-20a)
1. Experimentam o consolo de Cristo por sua vinda a ele quando mais dele precisam.
2. Experimentam o consolo de Cristo através das Palavras que ele lhes fala.
III. À semelhança dos discípulos, o povo de Deus se alegra com a presença de Cristo, (v 20b)
1. Alegra-se, embora suas circunstâncias adversas não mudam.
2. Alegra-se, porque Cristo está em seu meio.
Observe que no esboço acima, as verdades espirituais expressadas nas divisões principais são extraídas do texto.
4.3. Dependendo da perspectiva da qual examinamos o texto, é possível encontrar mais de um tema dominante em um texto.
EXEMPLO: João 3:16
TÍTULO: “O MAIOR AMOR DO MUNDO”
TEMA: “Características do Amor de Deus”.
I. É um amor incondicional “... amou ao mundo...”
II. É um amor sacrificial “...que deu o seu Filho Unigênito...”
III. É um amor universal “...todo o que crer...”
IV. É um amor salvador “...tenha a vida eterna.”.
Examinando o mesmo texto de outro ponto de vista, veja o outro exemplo:
TÍTULO: “VIDA ETERNA, O MAIOR PRESENTE”.
TEMA: “Os Aspectos Vitais Da Vida Eterna”.
I. Aquele que deu: “DEUS”
II. O motivo de Ele dar: “...amou ao mundo de tal maneira”.
III. O preço que ele pagou para dá-la: “...que deu seu Filho Unigênito”.
IV. A parte que temos nessa dádiva: “...para que não pereça, mas tenha a vida eterna”.
V. A certeza de que a possuiremos: “não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Às vezes é melhor que principiante que tem dificuldade em desenvolver um esboço sobre certo texto usando uma idéia principal, tente mais de uma abordagem do texto.
4.4. As divisões principais devem seguir uma seqüência lógica ou cronológica. Embora seja necessário seguir a ordem do texto, as divisões principais devem, porém, indicar um desenvolvimento progressivo de pensamento.
EXEMPLO: “Tomando a primeira parte de João 3:36 como texto: “quem crêr no Filho tem a vida eterna”, começamos com o assunto de fatos importantes referentes à salvação e descobrimos as seguintes divisões:
TÍTULO: “A VIDA QUE JAMAIS TERMINA”.
TEMA: Fatos referentes a vida eterna.
I. Quem a provê: “o Filho”
II. A condição: “crê”.
III. Sua disponibilidade: “quem crê”.
IV. Sua duração: “eterna”.
Note que o título se relaciona com o tema, assim como os pontos principais se relaciona com o tema.
4.5. As próprias palavras do texto podem formar as divisões principais do esboço, uma vez que elas se refiram a um tema principal.
EXEMPLO: “Muitos são os textos desse tipo que se prestam a esboço óbvio. Eis um exemplo, baseado em Lucas 19:10: “Porque o filho do homem veio buscar e salvar o perdido”.
TÍTULO: “A MISSÃO DO FILHO DO HOMEM”
TEMA: “Por que Jesus veio?”.
I. Jesus veio “buscar o perdido”.
II. Jesus veio “salvar o perdido”.
No decurso de nosso ministério não devemos deixar de fazer uso total de textos como estes, tão claros em sua estrutura. Entretanto, para o estudante que procura adquirir a habilidade de construir sermões textuais, seria sábio evitar tais esboços “fáceis”, e concentrar seus melhores esforços em textos que lhe desafiarão o pensamento na elaboração de esboços.
4.6. O contexto de qual se tira o texto deve ser cuidadosamente observado e com ele relacionado. Para uma interpretação correta das Escrituras, é fundamental o relacionamento do texto com seu contexto. É preciso reconhecer a importância desse procedimento, pois o desprezo desta regra pode resultar em sérias distorções da verdade ou na incompreensão total da passagem.
EXEMPLO: Tomemos, como exemplo, Filipenses 4:13 “Tudo posso naquele que me fortalece”. Se tirarmos este versículo do seu contexto, é provável que caiamos no erro de crer que o apóstolo Paulo ensinasse que o crente pode conseguir tudo que quer e sonha. Mas, lido no seu contexto o apóstolo diz que tudo que ele pode é estar feliz na fartura ou na pobreza, tudo porque o Senhor o fortalece.
4.7. Dois ou três versículos, tirados de partes diferentes da escritura, podem se reunidos e tratados como se fossem um único texto. Em vez de usarmos alguns versículos para a primeira divisão principal e o restante para sustentar a Segunda, unimo-los como se fossem um único texto, e dessa combinação extraímos as divisões principais.
EXEMPLO: Tomemos, por exemplo, Atos 20:19-20 e I Cor 15:10.
Notemos que estas duas referencias tratam do ministérios de Paulo.
TÍTULO: “UM MINISTÉRIO EXEMPLAR”.
TEMA: O Ministério de Paulo”.
I. Um ministério humilde: “Servindo ao Senhor com humildade.”.
II. Um ministério fervoroso: “com... lágrimas.”
III. Um ministério de ensino: “vo-la ensinar publicamente”.
IV. Um ministério de poder divino: “trabalhando... a graça de Deus”.
V. Um ministério fiel: “jamais deixando de vos anunciar”.
VI. Um ministério trabalhoso: “trabalhei muito mais do que todos eles”.
VII. Os três diferentes tipos de sermões textuais. Há três tipos distintos de sermões textuais: (1) O textual natural; (2) o textual analítico; e o (3) textual sintético.
Trataremos de modo especial cada um deles.
4.8. Textual natural.
4.8.1. Não é necessário muito esforço para encontrar e formar uma divisão natural num texto bíblico. As palavras do texto sugerem naturalmente cada divisão do sermão.
A distinção das idéias está no texto, cabe ao pregador colocar em destaque tais idéias.
EXEMPLO: Texto: 1 João 2:16
Tema: “Os três tipos de concupiscência”
I. A concupiscência da carne;
II. A concupiscência dos olhos;
III. A soberba da vida.
4.9. Textual analítico.
4.9.1. Nesse tipo de sermão, o pregador precisa achar a idéia geral do texto. Suas divisões são formadas pelas partes principais do texto, e apresentados na mesma ordem em que se acham na passagem.
4.9.2. Para que se faça uma boa análise textual, é preciso estudar com especial carinho todas as partes do texto: frases, contexto gramatical, histórico, geográfico, teológico e prático do texto bíblico.
EXEMPLO: Texto: Lc 15:17-24.
Tema: “As atitudes do Filho pródigo”.
I. Reconheceu seu estado perdido (v17)
II. Resolveu voltar ao lar (v18)
III. Confessou seu pecado (v19-21)
IV. Resultado:
a. Foi recebido e perdoado (v20-21)
b. Reconquistou seus direitos perdidos (v 22-24)
4.10. Textual sintética.
4.10.1. O próprio sentido da palavra “sintetizar” indica o modo de se elaborar a divisão sintética. No sermão sintético, o pregador tem liberdade de organizar o seu esboço sem preocupar-se com a ordem das partes do texto.
4.10.2. Esse sermão se preocupa-se com as idéias, e não propriamente com as divisões do texto. O pregador pode adaptar cada divisão como bem desejar, sem se preocupar com a ordem cronológica, e sim, com a ordem crogica do texto.
EXEMPLO: Texto: João 10:10-14
Tema: “O BOM PASTOR”.
I. O mercenário (v12,13)
II. O Ladrão (v10)
III. O Lobo (v12)
IV. O Bom Pastor (11,14).
CONCLUSÃO: Os três tipos de sermão textual, apresentados acima, tem várias coisas incomum:
1. Derivam do texto Bíblico;
2. Suas divisões são encontradas nas próprias passagens do texto;
3. Ambos selecionam um versículo, ou versículos, ou mesmo parte de um versículo, dos quais se tirará as idéias que se deseja focalizar na mensagem.
IV – SERMÃO EXPOSITIVO:
1. Sermão expositivo é aquele em que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é interpretada em relação a um tema.
1.1. O verbo expor significa: “apresentar algo para ser visto, trazer à tona, declarar, explicar o sentido genuíno de uma palavra, texto ou doutrina que possa ter vários significados ou que seja difícil de entender”.
1.2. O sermão expositivo, obriga o pregador a extrair todas as subdivisões, bem como as divisões principais, da mesma passagem bíblica que pretende. Desta maneira, o sermão todo consiste na exposição de certo texto bíblico, e a passagem converte-se no próprio tecido do discurso. Em outras palavras, o corpo de pensamento provém diretamente do texto, e o sermão passa a ser, definitivamente, interpretativo.
2. As vantagens da pregação expositiva:
2.1. Fornece ao pregador o mais rico meio de cumprir a sua função, que envolve:
► Ensinar todo o desígnio de Deus (Mt 28:19; At 20:27)
► Alimentar o rebanho (At 20:28);
► Dedicar-se a Palavra (At 6:2; Rm 1:11ss; 2 Tm 4:2)
2.2. Concede mais autoridade para que o pregador possa realmente falar e nome de Deus (2 Cor 5:20; I Ts 2:13)
2.3. Faz do ato de pregar algo mais organizada.
2.4. Torna o povo de Deus mais familiarizado com a Palavra de Deus, desenvolvendo um povo mais arraigado e firme no que está escrito e não nas idéias do pregador, dando mais respeito a Bíblia.
2.5. Combate a ignorância bíblica generalizada, tornando mais difícil o surgimento de heresias. Ajuda o povo a re-pregar com mais facilidade o que ouviu.
3. Sugestões que ajudam na preparação do sermão expositivo:
3.1. Ao preparar um sermão expositivo, trate de um só texto, que deve ter sempre mais de um versículo. Ter um só texto básico não impede que se faça referencias a outros versículos, os quais ajudam na compreensão do texto básico. Portanto, é regra fundamental que o pregador não fuja do texto, mas nele fique e explique-o.
3.2. Estude plenamente cada frase e cada palavra do texto. Interprete-o dentro das regras da hermenêutica bíblica.
3.3. Escolha textos que apresentem alguma verdade que pode ser aplicada à experiência crista. Uma exposição sem aplicação, não produz resultado algum. Sem aplicação não há sermão expositivo, só exposição.
3.4. Não adultere o propósito, nem o contexto do corpo em seu estado original.
3.5. Cultive a meditação sistemática da Palavra de Deus. E junto com esse hábito não se esqueça de acompanha-lo com a oração constante. Meditação e oração são elementos de vital importância no ministério da pregação.
3.6. Cultive também o hábito de anotar pensamentos e referencias bíblicas, os quais o ajudarão na elaboração dos sermões expositivos.
3.7. Procure ser cuidadoso quanto a aplicação e interpretação do texto bíblico. Falsas interpretação produzem conceitos errados e desviam os ouvintes da autentica doutrina.
3.8. Lembre-se sempre de que a aplicação de uma passagem bíblica deve ter como objetivo relacionar o texto com o contexto, ou mostrar que a verdade é aplicável aos dias de hoje. Cuidado, a aplicação inapropriada pode ser tão destrutiva quanto a interpretação mal feita.
4. Princípios básicos na preparação de esboços expositivos.
4.1. Devemos estudar cuidadosamente a passagem bíblica sob consideração a fim de compreendermos seu significado e obtermos o assunto do texto.
► Uma das primeira etapas do desenvolvimento do esboço expositivo é a descoberta do assunto da passagem. Uma vez obtido o tema, em geral o desenvolvimento do esboço se simplifica. Para se encontrar o tema principal da passagem, contudo, é necessário estudar o texto com diligencia.
4.2. As palavras ou frase importantes do texto podem indicar ou fornecer as divisões principais do esboço.
► Já ressaltamos que a repetição de palavras ou frases significativas, possui um propósito especial, e é evidente que algumas dessas palavras ou frases tem a finalidade de indicar a transição de uma idéia importante a outra.
► EXEMPLO: Como exemplo de repetição, examinaremos os versículos 3-14 do primeiro capítulo de Efésios. A frase que se repete três vezes é essa:
v 6 – “para louvor da glória de sua graça”;
v 12 – “para louvor da sua glória”;
v 14 – “em louvor da sua glória”.
A repetição dessas frases ajuda-nos a identificar uma divisão de pensamentos. Estudando o trecho com esta idéia, descobrimos que o apóstolo aqui trata da obra redentora de Deus. A primeira seção, que conclui com o versículo 6, descreve a obra de Deus Pai em nossa redenção; a Segunda seção que termina com o versículo 12, fala da obra de Deus Filho; e a terceira seção, que consiste nos versículos 13 e 14, apresenta a obra de Deus Espírito Santo. De forma que a obra da redenção é atribuída às três pessoas da trindade. Não é de admirar que o apóstolo exclame, no final de cada seção: “para o louvor da sua glória”.
4.3. A ordem de esboço pode ser diferente da ordem da unidade expositiva. Pode ocorrer o caso da ordem lógica determinar que as divisões principais ou as subdivisões sejam colocadas numa seqüência diferente daquela apresentada no texto.
► EXEMPLO: Observe o seguinte esboço de Êxodo 12:1-13, no qual a quarta e a quinta divisões principais não seguem a orcem dos versículos da unidade expositiva:
TÍTULO: “O CORDEIRO DE DEUS”
TEMA: “Aspectos do cordeiro pascal”
I. Foi um cordeiro divinamente determinado (v1-3);
II. Foi um cordeiro perfeito (v5);
III. Foi um cordeiro morto (v6);
IV. Foi um cordeiro redentor (vs 7,12-13);
V. Foi um cordeiro sustentador (vs 8:11).
4.4. As divisões principais podem ser extraídas das verdades importantes sugeridas pela passagem. Esboços deste tipo são, em geral, tirados de passagens bíblicas históricas e proféticas, e consistem nas principais verdades ou lições espirituais que os fatos pareçam sugerir ou exemplificar. Estas verdades ou princípios espirituais tornam-se, então, as divisões principais do esboço.
► EXEMPLO: Usamos, como exemplo desse tipo de esboço, o acontecimento histórico do dilúvio (Caps 6-7 de Gênesis):
TÍTULO: “O DEUS COM QUEM DEVEMOS LIDAR”
TEMA: Verdades acerca de Deus em relação a seus tratos com o homem.
I. Ele é o governante moral do universo (6:1-7, 11-13);
1. Que nota as ações dos homens (6:1-6, 11-12)
2. Que pronuncia juízo sobre os homens por causa da sua culpa (6:7,13).
II. Ele é o Deus da graça (6:3, 8-22)
1. Que provê um meio de escape do juízo do pecado (6:8-22).
2. Que oferece misericórdia ao culpado (6:3)
III. Ele é o Deus da fidelidade (7:1-24)
1. Que cumpre sua palavra de juízo (7:11-24).
2. Que cumpre as promessas feitas aos seus (7:1-10, 23).
Observamos um segundo exemplo tirado do livro de Obadias, que contém apenas 21 versículos, e é uma profecia da destruição de Edom. Examinando o texto, descobrimos que ele faz uma revelação dupla do caráter de Deus, como segue:
TÍTULO: “O CARÁTER DE DEUS”
TEMA: Aspectos do caráter de Deus.
I. Ele é Deus de justiça (vs 1-16)
1. Que julga os homens por seu orgulho (vs 1-9)
2. Que julga os homens por sua violência (vs 10-16)
II. Ele é Deus de graça (vs 17-21)
1. Que traz libertação a seu povo (vs 17-21)
2. Que leva os seus às suas posses (vs 17-21).
4.5. Note o contexto da unidade expositiva. Aprendemos, em conexão com o sermão textual, que o exame do contexto é essencial à interpretação correta. Esse princípio aplica-se tanto ao sermão expositivo como ao textual. A consideração pelo contexto, imediato e remoto, ajudar-nos-á materialmente na compreensão de certa passagem, e nos capacitará a vê-la em luz correta.
Chegando o apóstolo Paulo ao capítulo 12 de sua carta aos Romanos, ele o inicia com as palavras: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela misericórdia de Deus.”. a palavra “pois” nos manda de volta aos capítulos precedentes e indica que as expressões exortativas e práticas que se seguem tem por as verdades doutrinárias vitais apresentadas na seção anterior.
A falta de espaço impede-nos de discutir este princípio com mais detalhes, mas desejamos ressaltar a necessidade de sempre se fazer o estudo do contexto se quisermos ser expositores fiéis das Escrituras.
4.6. Examine o contexto histórico e cultural da passagem, sempre que possível. Muitas passagens bíblicas não podem ser adequadamente compreendidas fora de seu contexto histórico e cultural. A interpretação sadia de tais passagens, portanto, será determinado por um exame das porções históricas a que se relacionam intimamente, e ao seu ambiente cultural e geográfico.
► EXEMPLO: 2 João 10-11. É preciso saber o contexto histórico e cultural, para saber o significado desses versículos.
4.7. As verdades do texto devem relacionar-se com o presente. Uma das críticas comuns ao discurso expositivo é que o pregador, ao empregar esse método, muitas vezes falha em aplicar as verdades bíblicas aos homens nas circunstâncias e ambiente em que vivem. Com muita freqüência, o elaborador de sermões se contenta com uma simples explicação do texto, e não demonstra como a passagem se aplica a assuntos correntes e vitais. A falta não é da Bíblia, pois a Palavra de Deus é viva e poderosa e tem aplicação constante e universal aos homens em todas as épocas e de todas a posições sociais. Antes, a culpa é de quem não vê a necessidade de a verdade divina aplicar-se aos problemas e condição atuais.
5. Erros comuns dos que desejam ser expositores:
5.1. Alguns perdem-se no acúmulo de detalhes e não conseguem ver a mensagem principal do texto.
5.2. Gastam muito tempo na aplicação, não percebendo que, sendo a Bíblia proclamada com clareza e simplicidade, é O Espírito Santo que coloca no coração dos homens.
5.3. Deixam desviar da passagem a ser exposta e vagam por algum tempo antes de voltar ao texto em mão.
5.4. Não sabem discernir o que deve ou não ser incluído na exposição de certa passagem.
5.5. Não estar em interpretar a passagem, mas em compreender o texto.

HOMILÉTICA- AS FORMAS QUE OS SERMÕES ASSUMEM

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