sábado, 15 de março de 2008

KOINONIA BÍBLICA: QUAIS SUAS CARACTERÍSTICAS?

PR. MARCOS GLAYSON ALENCAR

KOINONIA BÍBLICA: QUAIS SUAS CARACTERÍSTICAS?


No mundo grego, e helenista, Koinõnia era um termo usado para representar a comunhão evidente e ininterrupta entre os deuses e os homens. Koinõnia também significava a estreita união e laços fraternos entre os homens. A palavra foi retomada pelos filósofos para indicar o ideal a ser buscado. O vínculo vivencial que unia os pitagoreanos era chamado he tou biou koinõnia (lit. “a comunhão da vida”). Koinõnia, portanto, virtualmente tem o sentido de “fraternidade”, e é a expressão normal para a maneira de se construir a vida social.
No Novo Testamento koinõnia está ausente dos sinóticos e de João. Ocorre, no entanto, 13 vezes nas cartas de paulinas. Paulo nunca empregou koinõnia num sentido secular; foi sempre no sentido religioso. O que Paulo tinha em mente era mostrar que a koinõnia entre os irmãos era o compartilhar de algo comum entre eles, o termo traduzido para o português correspondente a koinonia, é “comum”. O que nós os crentes em Cristo temos em comum para compartilharmos entre si? Algumas passagens mostram claramente o que temos em comum e que devemos compartilhar. “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”(At 2.44). “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo porém, lhes era comum.”(At. 4.32) “a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus e de Cristo Jesus, nosso Salvador.”(Tt 1.4) “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalharmos, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.(Jd 3). O que temos em comum uns com os outros é a fé, a salvação, os bens, a esperança, a certeza da vitória em Cristo, todas essas e outras coisas mais pertencentes a salvação.
A koinõnia bíblica para poder ser de fato eficaz, depende de dois fundamentos de suma importância. Jamais os salvos poderão ter comunhão com os irmãos, se não estiverem em comunhão com Deus, “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros; e o sangue de Jesus, seu ilho, nos purifica de todo pecado.”(1 Jo 1.7). Não adianta, essa é a condição estabelecida por Deus, para podermos compartilhar as benção comum da salvação uns com os outros, precisamos vivermos em comunhão com Deus. O outro fundamento é a verdade, “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”(Jo 17.17), nesse texto que fala da oração de Cristo, intercedendo pela unidade de todos aqueles que haveriam de crer nEle, a expressão verdade, aparece como exigência principal para que essa unidade seja realidade. Podemos ver a veracidade dessa idéia nos versículos 19 “E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade” No versículo 20 a palavra verdade não aparece claramente, mas está implícita através de sua correspondente conforme diz o versículo 17.17b “ a tua Palavra é a verdade.” “Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da tua Palavra”.
Como podemos notar a palavra koinõnia(comunhão) Deus deseja a comunhão do seu povo, pois a mesma foi uma das preocupações de Cristo, que a incluiu como pedido especial ao Pai na sua oração intercessora. A comunhão bíblica é uma dos maiores privilégios da salvação. Por meio da comunhão bíblica podemos manter a integridade da igreja de Cristo. Portanto, contribuir para a destruição da verdadeira comunhão de uma igreja local ou das igrejas no âmbito nacional, por motivos carnais, não bíblicos, é o mesmo que mutilar o corpo da noiva de Cristo. Reputo como um dos maiores pecados, e tal infrator colherá na pele as conseqüências, pois quem não teme dividir carnalmente a comunhão da igreja de Deus, mostra com tal atitude claramente, que não faz parte do corpo de Cristo, nunca foi salvo e seu fim será superior e mais terrível, do que daqueles que nunca adentraram o rol de membros de uma igreja local.
Alguém que de fato entende o valor da comunhão bíblica e se esforça para que a mesma seja cada vez mais edificada, pode ser reconhecido pelas seguintes características: 1. Ele demonstra amor pelos irmãos de sua igreja local. Ele se esforça o máximo para desenvolver em sua vida atitudes bíblicas que evidenciam o amor aos irmãos. No entanto não se consegue amar os irmãos com facilidade, exige antes de tudo muita perseverança e firmeza de propósito. Amar é uma decisão, claramente evidenciado na ordem de Cristo: “o meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros” quando se tem um mandamento eu preciso decidir se vou obedecer ou não, amar os irmãos é mandamento, não é sentimento. O interessante é que queremos amar somente os que nos amam, os que nos identificamos, mas Jesus foi claro: “Eu porém vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos tornai-vos filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuva sobre justos e injustos. Portanto sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.”(Mt 5.44-45,48). 2. Ele procura conhecer os irmãos da igreja local. Amados, não pode existir comunhão bíblica sem afinidades. Precisamos conhecer os irmãos e sermos conhecidos também. Para isso podemos usar dos seguintes recursos, visite seu irmão em sua casa, chegue cedo as cultos e converse com os que também chegaram cedo. Compartilhe suas experiências, suas necessidades, seus sonhos, não coloque barreiras à comunhão. Procure evitar a fofoca, não divulgue informações que você não tem como saber ser verdade. Procure evitar conhecer os irmãos com segundas intenções, todavia os procure para lhe ser benção, auxílio, amigo, consolo, conforto. Visite os fracos com o fim de ajuda-los a aceitar e se submeter-se à disciplina de Deus, com humildade e desejo de ser plenamente restaurado(1 Jo 1.3; Fp 2.2; Gl 6.1-30). 3. Ele é usado para auxiliar os membros caídos do corpo de Cristo. Dedique-se, se esforce, dê sua vida em resgate dos irmãos mais necessitados. Leve água ao sedento; instrução e luz aos novos convertidos, conforto ao desesperado; alimento ao faminto. Sejamos instrumentos de Cristo para informados a saída aos irmãos que estejam enfrentando dificuldades de todo gênero. Ajudar os irmãos é a forma bíblica e verdadeira de uma comunhão cristã(Rm 15.26; 2 Cor 8.4. 9.13; Hb 13.16 e 1 Jo 3.17-18). 4. Ele trabalha em equipe com os irmãos. Para conseguirmos trabalhar em equipe, cooperando mutuamente na obra do Senhor, é preciso deixamos de ser individualistas, auto suficientes, orgulhosos, é indispensável um espírito de humildade. É necessário visarmos unicamente a glória de Deus, esquecer dos nossos interesses e focarmos nos interesses do reino. Não existe lugar na obra de Cristo para os individualistas ou os que querem atingir o sucesso no nível pessoal. O verdadeiro sucesso da igreja local, é o sucesso produzido pela coletividade, onde todos num espírito mutuo de colaboração se empenham ao máximo, cada um sendo servo um dos outros, buscando conselho, ajuda e zelando uns pelos outros, para que todos cumpram sua parte e os frutos venham ser produzidos para a glória de Deus.
Olhamos para a igreja primitiva em Atos e ficamos maravilhados por notarmos o sucesso daqueles irmãos, as vezes chegamos a perguntar: Será possível nos dias de hoje sermos como eles? Eu acredito que sim, desde que sigamos a mesma receita que eles praticaram no seu dia a dia. Vale salientar um ponto sobremodo excelente, a koinõnia, essa comunhão estava estendida a três áreas elementares da vida cristã, ao estudo da Palavra, na comunhão pessoal e nas orações, como resultado eles tinham temor a Deus, autoridade espiritual, generosidade para contribuir com seus bens, alegria, gratidão a Deus, bom testemunho entre os gentios e Deus acrescentava no rol de membro da igreja os que iam sendo salvos.(At 2.42-47).
A verdadeira koinõnia bíblica é para ser praticada e não somente ensinada, ela não se limita apenas a um termo denominacional, ele vai muito além. Comunhão sem prática de vida, não é comunhão bíblica, a mesma é seguida de características que devem ser evidenciadas no nosso viver diário, e não somente na teoria. Que Deus tenha misericórdia de nós e ajude-nos a desenvolver em nossas vidas a verdadeira koinõnia bíblica. Amém.


PR. MARCOS GLAYSON ALENCAR

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