quarta-feira, 12 de março de 2008

Terri Schiavo - Desligar ou não desligar?

Terri Schiavo - Desligar ou não desligar?

Há algumas semanas atrás fomos informados pelo maior jornal televiso do país sobre a decisão de um marido de mandar retirar os tubos que mantinham sua mulher viva num leito de hospital por quase 15 anos. Em resumo a história é a seguinte: em 1990 Terri Schiavo sofreu um ataque cardíaco e entrou em estado vegetativo após isso. Seu marido, Michael Schiavo, disse que sua esposa já tinha manifestado desejo de não ser mantida viva artificialmente.
Uma notícia dessas nos faz pensar no que faríamos se estivéssemos no lugar tanto do marido quanto da mulher. A eutanásia desperta em todos nós inúmeros questionamentos e opiniões. Com base em nossas opiniões podemos tomar essa ou aquela decisão. Mas qual seria a posição que a Bíblia nos orienta a tomar? Será que podemos nos apoiar nela, apesar de não haver nenhum relato de eutanásia nas Sagradas Escrituras?

autor
Marcos David Muhlpointner
Biólogo pela Univ. Mackenzie e professor de Ciências e Biologia em colégios particulares de São Paulo. Membro da Comunidade de Jesus - São Bernardo do Campo, exercendo os ministérios de música e de pregação. Faz palestras sobre bioética, ciência e fé e atualmente está preparando um livro sobre Bioética à luz da Bíblia.


Há algumas semanas atrás fomos informados pelo maior jornal televiso do país sobre a decisão de um marido de mandar retirar os tubos que mantinham sua mulher viva num leito de hospital por quase 15 anos. Em resumo a história é a seguinte: em 1990 Terri Schiavo sofreu um ataque cardíaco e entrou em estado vegetativo após isso. Seu marido, Michael Schiavo, disse que sua esposa já tinha manifestado desejo de não ser mantida viva artificialmente.

Uma notícia dessas nos faz pensar no que faríamos se estivéssemos no lugar tanto do marido quanto da mulher. A eutanásia desperta em todos nós inúmeros questionamentos e opiniões. Com base em nossas opiniões podemos tomar essa ou aquela decisão. Mas qual seria a posição que a Bíblia nos orienta a tomar? Será que podemos nos apoiar nela, apesar de não haver nenhum relato de eutanásia nas Sagradas Escrituras?

Não há como negar que essa é uma questão de bioética. O que significa eutanásia? Hoje em dia entendemos eutanásia como a morte deliberadamente causada a uma pessoa que sofre de enfermidade incurável ou muito penosa, para suprimir a agonia demasiado longa e dolorosa, o chamado paciente terminal. Como qualquer definição, essa é uma simples definição de uma palavra. Contudo, quando somos transportados para uma realidade dessa, pouco importam as definições.

Na minha função de educador, muitas vezes sou obrigado apenas a levantar questionamentos e deixar meus alunos chegarem a uma conclusão. Com esse tema quero agir de modo diferente: vou colocar algumas questões e tentar respondê-las com a Bíblia aberta.

Questão 1: Pode o cristão ser a favor da eutanásia?

Imagine a situação de algum familiar seu estar na mesma condição daquela americana e você resolve mandar desligar os tubos. No dia do julgamento diante de Deus, você se responsabilizaria pela morte dessa pessoa? Mas a questão é mais profunda. Quando os Dez Mandamentos nos ensinam “Não matarás” devemos aplicar em qualquer tipo de situação. Não devemos matar nem sem querer, nem querendo. Não devemos matar com motivos ou sem motivos. Não devemos matar com nossas próprias mãos, nem mandar que façam isso por nós. Isso significa que em hipótese nenhuma devemos apoiar, mandar, efetuar, autorizar – ou qualquer coisa parecida – a morte de qualquer pessoa.

Questão 2: Não tenho dinheiro para manter meu parente numa UTI. Ou gasto dinheiro com isso ou compro comida para os que estão em melhores condições.

Esse argumento parece muito convincente. Afinal de contas, um dinheiro empregado para crianças carentes com possibilidade de viverem, parece uma melhor aplicação do que na pessoa que a medicina decretou a morte cerebral. Onde está a nossa fé? Onde está nossa total dependência nos desígnios de Deus? Ele disse em Sua Palavra que supriria as nossas necessidades em glória. Não sei como Ele supriria minha necessidade e de meus filhos se tivesse que pagar para manter minha esposa viva através de tubos. Mas a verdade é que não devo ser a favor da morte de ninguém. “Não matarás...”

Questão 3: O corpo é meu e tenho direito de fazer o que quiser com ele. Será?

Mais uma vez precisamos pensar na questão dos tempos que vivemos. Será mesmo que temos toda essa liberdade de dispor do nosso corpo? Pense nas esferas familiar e social que você vive. Não temos a autonomia que o mundo pós-moderno diz termos. Se somos a favor da eutanásia de alguém, como fica a relação desse alguém com Deus, o autor da vida, que tem autoridade sobre nós? Por que nos sentimos tentados a concordar com a eutanásia de uma pessoa? Talvez seja porque pensamos que a vida nos pertence e que proporcionar alívio para os que sofrem é algo digno.

Permita-me encerrar essa breve reflexão citando Gilbert Meilaender: “Não tenho autoridade para agir como se fosse o senhor da vida de alguém e ninguém tem o direito de me conferir autoridade sobre sua vida e morte. Portanto, os cristãos não devem pedir eutanásia ou suicídio assistido para si nem colaborar com quem peça ajuda nesse sentido”.

Que Deus tenha misericórdia e seja gracioso com Terri Schiavo, seu marido e sua família e para com todos nós.

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