sexta-feira, 21 de março de 2008

Comunicação no casamento.

Comunicação no casamento.
“... falar a verdade, com espírito de amor” (Ef 4.14)

Esta lição tem por objetivo:
Mostrar a importância da comunicação no casamento, apontar razões porque essa comuinicação é tão difícil, expor o ensino bíblico a respeito e sugerir cuidados necessários.

Introdução.
Um dos problemas mais comuns no casamento é a falta de comunicação. Esta situação é um produto da sociedade moderna. As crianças crescem em lares onde praticamente não há qualquer comunicação construtiva. As famílias, quando se reúnem, o fazem para ver televisão, até mesmo durante as refeições. E se alguém ousa dizer alguma coisa, os outros reagem, irritados: “Cale a boca!” Muitas famílias têm uma televisão em cada quarto. Cada um pode ver o que quer “sem ninguém para atrapalhar”. A comunicação inexiste!

Um outro fator que têm contribuído para a falta de comunicação no lar é essa nossa tendência para impedir que crianças expressem seus verdadeiros sentimentos. Achamos que a aceitabilidade social é mais importante que a livre expressão dos pensamentos. Se, por exemplo, uma criança faz uma observação embaraçosa, a mãe a repreende, dizendo: “Júnior, nunca diga isto outra vez. O que as pessoas vão pensar?” Certamente, é preciso considerar o sentimento e as reações das outras pessoas; porém, essa preocupação excessiva dos pais com as opiniões alheias restringe a espontaneidade dos próprios filhos; ele aprenderão a guardar para si mesmos os seus pensamentos e sentimentos.

A criança cresce... torna-se adulto, entra para o mundo competitivo do trabalho. Poucas pessoas se importam com verdadeiros pensamentos e sentimentos delas; o que conta é o desempenho, a produtividade. O funcionário percebe que, se disser o que sente, poderá perder o emprego! Melhor é não dizer nada... E ninguém conhece ninguém, de fato!.

Então, acontece o inevitável: esse indivíduo se sente atraído por uma pessoa do sexo oposto. Começa a falar, a se abrir, a compartilhar os sentimentos. O namorado ou namorada faz o mesmo. É uma experiência maravilhosa, para ambos. Por fim eles têm os ouvidos um do outro, e se aceitam como são, de verdade. Descobrem que têm muito em comum e que foram “feitos um para o outro”. Casam-se… A comunicação flui maravilhosa!

Porém, com o passar do tempo, eles têm cada vez menos o que dizer um com o outro... A vida conjugal vai se tornando uma rotina. A comunicação vai ficando difícil. Acontece ainda, mas com esforço. Logo os dois estão se desentendendo... Começam as críticas, as acusações, as queixas... Nem um nem outro pode dizer o que realmente pensa ou sente. Às vezes, um deles tenta. Mas o outro entende tudo errado, ou não responde. Não há diálogo! Não há comunicação! Apenas superficialidades... e televisão!

A mulher reclama para o pastor ou para as amigas: “Ele nunca me diz nada...”, “Ele nem sei porque ele está chegando tão tarde do trabalho...”. E o marido: “Minha mulher não quer conversar...”, “Eu não sei o que ela realmente pensa...”

Você sabia que a Bíblia tem muito a nos dizer sobre comunicação? Vamos ver porque a comunicação é tão difícil.

1. A comunicação é difícil por causa da nossa natureza pecaminosa.
Em primeiro lugar, a Bíblia nos diz porque é tão difícil nos comunicarmos, até mesmo com os nossos queridos. Veja Jr 17.9:

· Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Revista e Atualizada)
· Quem pode entender o coração humano? Não há nada que engane tanto como ele; está doente demais para ser curado.” (Na Linguagem de Hoje)

Desde a queda (primeiro pecado humano), o coração do homem é desesperadamente enganoso e corrupto. O coração, neste sentido figurado, é a natureza interior, com seus pensamentos e sentimentos. Jesus disse: “... como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34). Há aqueles que não falam porque temem expor sua natureza pecaminosa. Outros não ligam... e falam coisas más. De qualquer modo, a comunicação fica muito prejudicada.

· O cônjuge que teme expor sua natureza pecaminosa precisa saber que o outro está na mesma situação. Ambos precisam admitir sinceramente que são pecadores, que têm fraquezas e cometem erros. Então, em separado ou juntos, devem confessar seus pecados a Deus e receber o Seu perdão gracioso (I Jo 1.7,9). Este desabafo seguido de confissão e perdão fará muito bem a ambos... e à comunicação. Os cônjuges não têm porque esconder as próprias fraquezas, hipocritamente. E não têm nenhum direito de julgar e condenar um ao outro.

· O cônjuge que não liga, que não está nem aí para o que o outro pensa de suas palavras e atitudes, precisa reconhecer que isto é um tremendo egoísmo. O outro reage com as mesmas palavras duras, feias e ofensivas ou fica calado, triste, magoado. O cônjuge que não liga deve se colocar no lugar do outro e honestamente imaginar como se sentiria se o outro lhe falasse do mesmo modo. Este pecado também precisa ser confessado e perdoado.

2. A comunicação é difícil por que os cônjuges têm medo da reação um do outro.
As pessoas geralmente reagem mal quando alguém aponta seus defeitos ou falhas. Algumas reagem com uma explosão, como um vulcão em erupção; outras dão o troco, e criticam também; outras reagem com cinismo e indiferença; outras se desmancham em lágrimas; e ainda outras ficam de cara fechada, sem nada dizer...

Se um cônjuge faz alguma observação que julga necessária e o outro reage com uma dessas atitudes, a tendência é não dizer mais nada... Estas reações são desagradáveis, e podem piorar... “Melhor é deixar as coisas como estão!”

A próxima vez que você quiser saber por que seu cônjuge não fala mais com você (se for o caso), pergunte-se primeiro como você reagiu quando ele(ela) lhe confessou alguma coisa pessoal ou lhe disse que não gostou de alguma coisa que você fez.

A correção bíblica para esta espécie de dificuldade na comunicação do casal é Ef 4.31-32.

Quando seu cônjuge lhe abrir o coração para compartilhar preocupações, angústias ou tentações, e você se sentir tentado a não ligar ou a condená-lo, ore antes de responder! Peça a Deus que o(a) ajude a compreender o seu cônjuge, dar-lhe atenção e uma resposta inteligente, simpática, delicada, amorosa, construtiva.

Adote como norma nunca levantar a sua voz para o seu cônjuge. Pv 15.1 - “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Revista e Atualizada). “A resposta delicada acalma o furor, mas a palavra dura aumenta a raiva” (Linguagem de Hoje). Os termos “branda” ou “delicada” não se referem apenas ao volume da voz, mas também à empatia. Palavras “brandas” ou “delicadas” são como um balde de água fria no fogo da raiva. Palavras “duras” são gasolina.

3. A comunicação é difícil porque os cônjuges, às vezes, usam indevidamente as informações ou confissões um do outro.
Algumas pessoas adoram desenterrar defuntos, trazer à tona questões antigas, principal-mente quando se desentendem com os envolvidos. Lamentavelmente, isto é comum entre marido e mulher. Basta um desentendimento, e lá vem a lembrança… Isto é uma tremenda barreira para a comunicação. Leia Pv 17.9.

No texto já citado de Ef 4.32 temos esta recomendação: “... perdoem uns aos outros assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês” (Linguagem de Hoje). Há quem diga: “Mas eu já perdoei. Eu só não posso esquecer!” Será que perdoou? É possível perdoar e realmente não esquecer o ocorrido; mas quem perdoa não lembra com mágoa, ainda ressentido e cobrando. O assunto está resolvido. É só uma história passada. É assim que Deus perdoa. Veja Jr 31. 34 e Sl 103.12

4. Uma boa comunicação é possível, mediante certos cuidados...
Para um casamento dar certo e ser feliz, os cônjuges precisam se conhecer, saber exatamente o que o outro pensa e como se sente em cada situação. E isto só é possível se as linhas de comunicação permanecerem abertas.

Maridos e esposas pensam, às vezes, erradamente, que a melhor alternativa para uma palavra ou argumento aborrecido do cônjuge é o silêncio. Só que este silêncio pode ser estressante a ponto de levá-los para o hospital, e geralmente enfurece o cônjuge ainda mais. Melhor do que o silêncio, no caso, é “falar a verdade com espírito de amor” (Ef 4.15, Biblia na Linguagem de Hoje). Vamos refletir um pouco sobre esta frase.

(a) “Falar a verdade”. O relacionamento conjugal feliz envolve absoluta hones-tidade acerca dos temores, desejos, motivações, sexo, dinheiro, fraquezas, enganos, ressentimentos e incompreensões. Muitos problemas conjugais seriam resolvidos se marido e mulher fossem honestos um com o outro. Alguns não falam dos seus problemas com o cônjuge para não preocupá-lo ou aborrecê-lo. Porém, deste modo, deixam o cônjuge fora de sua vida, e a implicação é que não confiam nele, não acreditam que ele tenha suficiente maturidade emocional e espiritual para lidar com a questão e ajudar.

Você tem necessidades que seu cônjuge não poderia atender? Você tem vergonha de admitir sua fraqueza ou necessidade? Não será por orgulho? Cuidado! Necessidades reais não atendidas, tensões e ressentimentos abafados por longo tempo provocam crises maiores... E você precisará de ajuda profissional. É um preço muito alto que se paga por não falar a verdade!

(b) “Falar a verdade com espírito de amor”. A verdade às vezes é cruel. Por isso mesmo precisa ser dita com espírito de amor. Isto envolve consideração para com a outra pessoa. Coisas brutais têm sido ditas por um cônjuge ao outro, em nome da honestidade, quando o motivo oculto era uma tremenda consciência de culpa.

(c) Falar a verdade na hora certa. Isto não está neste versículo de Efésios, mas está noutras passagens bíblicas. Veja Pv 25.11 e Pv 15.23. Geralmente, é bom esperar passar a hora do almoço ou do jantar para discutir questões controvertidas ou desagradáveis. Algumas vezes é melhor esperar até de manhã, especialmente se o cônjuge teve um dia difícil.

Se você acha que precisa falar com o seu cônjuge sobre alguma que ele fez ou deixou de fazer erradamente, ore sobre isto antes de discutir o assunto com ele. Pode ser que Deus lhe mostre que você também está errado e precisa se corrigir primeiro. Então, se o Senhor lhe der liberdade ou convicção para falar sobre o assunto com seu cônjuge, comece com uma palavra de apreciação sincera; depois, diga o que Deus pôs no seu coração, o que você sente, mas de uma maneira clara, agradável, construtiva e positiva. “As palavras bondosas são como o mel: doces para o paladar, boas para a saúde” (Pv 16.24). Veja também Gl 6.1.

(d) Outros cuidados.
· Evite generalizações. “Você nunca me ouve!”, “Você sempre me interrompe!” Tais generalizações raramente são verdadeiras.

· Evite discutir com o seu cônjuge na presença de terceiros, principalmente dos filhos.

· Já falamos do silêncio que aborrece, que irrita e até ofende. Por outro lado, é preciso saber parar de falar. O sábio Salomão escreveu: “Tudo neste mundo tem o seu tempo... Há tempo de ficar calado e tempo de falar” (Ec 7.1,7). Seu cônjuge talvez não queira abrir o coração nesse tempo que você improvisou ou separou para conversar... Talvez ele tenha algo importante a lhe dizer, mas num outro tempo, um tempo maior, mais tranqüilo, quando você puder ouvi-lo sem olhar para o relógio... ou para a televisão.

Conclusão.
Re-estude esta lição em casa, preferentemente com o seu cônjuge. Reflitam os dois sobre a importância e as dificuldades da comunicação no casamento; discutam sobre as soluções bíblicas e os cuidados necessários para uma comunicação sadia, amorosa, construtiva. E não se esqueça: O segredo é falar a verdade com espírito de amor, na hora certa, no lugar certo, da maneira certa. E que Deus nos ajude.

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