quarta-feira, 12 de março de 2008

Livre arbítrio escravizado

Livre arbítrio escravizado
...a camisa que você está usando agora, foi escolhida de dentro do armário, diante de outras opções, por uma questão de gosto pessoal para aquele momento. Ou seja, no momento que você decidiu se vestir, o gosto que você tem por essa cor, o impulsionou a escolher uma determinada camisa, e não uma camisa aleatória. Nesse sentido, sua vontade não era livre, mas vinculada à sua preferência pessoal. Se você vai a uma entrevista de emprego, você não tem a liberdade de colocar uma bermuda bem colorida. A não ser que você vá trabalhar no Havaí! Assim, sua escolha estará condicionada a uma situação que lhe é superior e, sobre a qual, você não tem controle.

Marcos David Muhlpointner
Biólogo pela Univ. Mackenzie e professor de Ciências e Biologia em colégios particulares de São Paulo. Membro da Comunidade de Jesus - São Bernardo do Campo, exercendo os ministérios de música e de pregação. Faz palestras sobre bioética, ciência e fé e atualmente está preparando um livro sobre Bioética à luz da Bíblia.


Vou começar esse artigo repetindo algumas perguntas que fiz no texto anterior: por que você está usando essa camisa? Por que você escolheu casar com esse cônjuge? Por que você escolheu almoçar aquele determinado prato? Podem parecer perguntas retóricas, porém são perguntas pertinentes e não podem sem respondidas de qualquer jeito. São perguntas que escondem uma reflexão importante, ainda mais se questionarmos da mesma maneira a nossa salvação.
Opa!!! Nossa salvação??? Nossa salvação, por quê? Nossa salvação, como? Vamos relembrar alguns textos sobre salvação:

1. “A tua salvação espero, ó SENHOR!” – Gênesis 49:18
2. “O SENHOR é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação...” – Êxodo 15:2
3. “...porquanto me alegro na tua salvação...” – 1 Samuel 2:1
4. “A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua bênção. ” Salmo 3:8
5. Mas alguns textos vêm com o pronome possessivo MINHA, mesmo assim, veja a declaração do salmista: “Só
ele é a minha rocha e a minha salvação...” – Salmo 62:2
6. Para não ficar só no Velho Testamento: “ pois já os meus olhos viram a tua salvação...” – Lucas 2:30
7. “ E, sendo ele consumado, [ele] veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem,” – Hebreus 5:9

Esses são alguns textos em que podemos ter clareza que a salvação pertence a Deus e não nossa como se fosse nossa propriedade, adquirida por nós, comprada por nós, financiada por nós, realizada por nós. Nesse sentido, embora sejamos salvos, nossa salvação não nos pertence por direito, porque nada fizemos para merecê-la. Bem ao contrário, por exemplo, de um atleta que ganha sua medalha de ouro por ter sido o melhor na sua modalidade. Pense nisso.

Mas voltando às nossas perguntas iniciais, a camisa que você está usando agora, foi escolhida de dentro do armário, diante de outras opções, por uma questão de gosto pessoal para aquele momento. Ou seja, no momento que você decidiu se vestir, o gosto que você tem por essa cor, o impulsionou a escolher uma determinada camisa, e não uma camisa aleatória. Nesse sentido, sua vontade não era livre, mas vinculada à sua preferência pessoal. Se você vai a uma entrevista de emprego, você não tem a liberdade de colocar uma bermuda bem colorida. A não ser que você vá trabalhar no Havaí! Assim, sua escolha estará condicionada a uma situação que lhe é superior e, sobre a qual, você não tem controle.

Ora, quando estamos diante de um restaurante do tipo self-service, por exemplo, temos inúmeras opções para escolher. Contudo, sempre escolhemos aquilo que nos dá prazer comer. Sua pseudo-liberdade está sendo influenciada por fatores intrínsecos, sobre os quais você tem muita dificuldade de se desvencilhar. Mais uma vez, nossas escolhas são limitadas e controladas pelo nosso paladar, pela nossa memória gustativa, pela aparência da comida e, algumas vezes, pela quantia de dinheiro que temos no bolso. Portanto, sua escolha é determinada pelo sabor da comida e você não age de modo independente.

Quando pensamos então no cônjuge isso fica mais evidente ainda. Imagine-se diante da Maria, da Cristina e da Beatriz. Se você é mulher, imagine-se diante do João, do André e do Bruno. Todas essas pessoas são igualmente belas, inteligentes e simpáticas. Enfim, reúnem características que são apreciáveis num cônjuge. A pergunta é por que eu me interessei pela Maria e não pela Beatriz? Certamente porque a Maria tem algo a mais que me chama a atenção e por isso opto em querer namorá-la. Quando você se decidiu, você estava totalmente imune a esse algo mais que percebeu? Esse algo mais não condicionou sua escolha?

Passado algum tempo de namoro e depois de conhecer mais a Maria, você decide se casar com ela. Nesse momento, é possível agir de modo livre, sem ser influenciado pelas qualidades da Maria? É possível se decidir pela Maria sem levar em conta suas características físicas, psicológicas, intelectuais e espirituais? Até que ponto a Maria estava em igualdade de seleção com a Beatriz e a Cristina? Ora, Cristina e Beatriz não possuem os mesmos atrativos que sua escolha para o casamento. Como isso pode ser uma expressão de uma vontade livre?

Para finalizar esse artigo, peço, estimado leitor, que reflita sobre isso diante desses versículos da Palavra de Deus e responda a mais essa pergunta: somos livres diante de Deus para escolhê-lo como nosso Senhor?. Lembre-se, a Palavra de Deus não contém erros ou falhas, ela é harmônica e expressa o caráter de Deus e Sua maneira de agir, além de ser nossa regra de fé e prática e palavra final em qualquer discussão.

Rom. 6:6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;

Rom. 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;

Tito 3:3 Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.

2Ped. 2:19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.

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