quarta-feira, 12 de março de 2008

O mal que nos rodeia

O mal que nos rodeia

A Bíblia é cheia de exortações, está recheada de palavras de encorajamento e determinação. Mas mesmo assim, o pecado nos rodeia de muito perto. Que vozes são as que chegam aos nossos ouvidos? As vozes do mundo e do pecado, no nosso cotidiano, são as que mais falam aos nossos ouvidos. Infelizmente não estamos envolvidos nas coisas de Deus, como estamos com nosso trabalho, nos nossos negócios. Nosso dia-a-dia não é de joelhos sob oração. E o pecado que de perto nos rodeia fala muito alto nos ouvidos do nosso coração. Fala tão de perto, que no domingo, pela manhã ou pela noite, quando saímos dos cultos de nossas igrejas nos vemos pecando contra Deus. Cinco minutos antes, sentíamos que podíamos ser arrebatados para o céu, nossa sensação é como se estivéssemos no monte da transfiguração, vendo a própria glória de Deus.

autor
Marcos David Muhlpointner
Biólogo pela Univ. Mackenzie e professor de Ciências e Biologia em colégios particulares de São Paulo. Membro da Comunidade de Jesus - São Bernardo do Campo, exercendo os ministérios de música e de pregação. Faz palestras sobre bioética, ciência e fé e atualmente está preparando um livro sobre Bioética à luz da Bíblia.


“Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta” (Hebreus 12:1 – NVI).

Esse texto é um daqueles que me faz parar e pensar com afinco na minha vida diante de Deus e dos homens. A carta toda de Hebreus é, ao mesmo tempo, um refrigério e uma exortação. Para aqueles que têm receio da palavra exortação, basta lembrar que essa palavra significa encorajamento. E uma das maneiras de Deus nos encorajar a agir, a tomar alguma atitude é nos desafiando, nos colocando diante de nós um espelho para que possamos nos ver por dentro. Deus, através da Sua Palavra, nos desnuda de tal forma, que somos expostos diante de nossas próprias mazelas e culpas. Só a sua Palavra tem esse poder, pois ela penetra até onde nenhum pastor ou pregação pode entrar. Acredito que esse texto atua dessa forma.

Esse versículo que escolhi começa com uma expressão de conclusão, “Portanto”, retomando o tema do capítulo anterior em que o autor nos mostra a famosa “Galeria dos Heróis da Fé”. Nessa relação nos são lembrados feitos e situações de pessoas que tiveram muita fé. Situações essas que seriam inimagináveis aos olhos comuns, mas que se tornaram reais e verdadeiras, por causa da promessa de Deus e da fé que essas pessoas receberam do próprio Deus. O autor dessa carta relembra algumas personagens da história dos hebreus e imediatamente se volta para os seus leitores (nós, hoje em dia) dizendo que também eles estão envolvidos por testemunhas. Tomando como princípio que essa palavra pode ser aplicada a cada um de nós, vou me ater a esses dias em que vivemos e deixar um pouco de lado a tal “Galeria”.

Sempre que termino de ler o capítulo 11 de Hebreus fico cheio de alegria, esperança e vigor espiritual. Invariavelmente penso que posso me sair bem na minha vida, tal como as personagens descritas. Imagine estar velho, receber uma promessa de ser pai e ver essa promessa se cumprir. Imagino como Abraão deve ter se sentido quando Sara lhe disse que estava grávida. Ver um sonho concretizado depois de tanto tempo da promessa ter sido feita e depois de se perder todas as esperanças físicas. Imagine uma criança recém-nascida, abandonada por sua mãe numa cesta num rio ser tirada das águas por uma família de nobres e ser poupada de crocodilos e outros perigos que um rio pode oferecer. Imagine-se no lugar de uma viúva, com seu filho morto, ser-lhe restituído o filho depois de uma ressurreição sem estrelismos e gritaria.

Não sei quanto a você, mas quando leio um texto desses sinto-me um verdadeiro “super-homem”, com minhas baterias espirituais recarregadas no ponto máximo, esperando a hora da provação chegar para passar por ela com força e ser aprovado diante de Deus. Acabo de ler esse capítulo e parece que nada é capaz de me deter. Contudo, quando continuo a leitura, sou confrontado com texto que me diz do pecado que me rodeia bem de perto e que tenta me embaraçar, me prender me deixar sem ação. E, paradoxalmente ao pecado que quer me prender, sou instado pelo mesmo texto a continuar prosseguindo, de forma ligeira, para uma carreira que me foi proposta. Nesse ponto me pergunto: “Marcos, cadê aquele vigor todo?”, “Onde está toda aquela força que você dizia ter?”.

A Bíblia é cheia de exortações, está recheada de palavras de encorajamento e determinação. Mas mesmo assim, o pecado nos rodeia de muito perto. Que vozes são as que chegam aos nossos ouvidos? As vozes do mundo e do pecado, no nosso cotidiano, são as que mais falam aos nossos ouvidos. Infelizmente não estamos envolvidos nas coisas de Deus, como estamos com nosso trabalho, nos nossos negócios. Nosso dia-a-dia não é de joelhos sob oração. E o pecado que de perto nos rodeia fala muito alto nos ouvidos do nosso coração. Fala tão de perto, que no domingo, pela manhã ou pela noite, quando saímos dos cultos de nossas igrejas nos vemos pecando contra Deus. Cinco minutos antes, sentíamos que podíamos ser arrebatados para o céu, nossa sensação é como se estivéssemos no monte da transfiguração, vendo a própria glória de Deus.

Mas quando descemos do monte da transfiguração, quando saímos da contemplação vertical e passamos a olhar de modo horizontal... que decepção ao nos olharmos pela Palavra de Deus, que é como um espelho para nós. Não sei muito bem se ela é um espelho que nos reflete, ou um bisturi que nos abre e nos disseca cruamente. Na verdade, o próprio Deus, inspirou seu apóstolo a nos mostrar que a Sua Palavra é mais do que um bisturi, trata-se de uma espada com um fio tão penetrante e agudo que chega nas nossas juntas e medulas.

Estamos envolvidos, pelo pecado, nas coisas desta vida, porém Deus nos chama a prosseguirmos num caminho que Ele preparou. A Sua Palavra nos ensina que o amor lança fora todo o medo; que se Deus é por nós, ninguém será contra nós. Somos exortados a lembrar que maior é aquele que está conosco, daquele que está com o mundo. Preste atenção ao que o escritor de Hebreus nos ensina: “...a corrida que nos é proposta.”

Existem obstáculos onde temos que correr, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. O trajeto pode ser sinuoso demais e poderemos dar voltas e não sair do lugar, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Poderemos tropeçar nalguma pedra do caminho, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. O caminho pode ser tão difícil que queiramos desistir, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. O caminho pode ser longo demais, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Se nos sentirmos sozinhos, como que andando num deserto, com o corpo ressequido e se formos obrigados a andar devagar, “tende bom ânimo, eu venci o mundo”.

Nossa caminha já está proposta, definida, marcada e sacramentada. Nosso destino é o céu, somos peregrinos e forasteiros, estrangeiros nessa terra. Nosso destino é o céu. Nossas moradas já estão prontas, nos aguardando. Querido leitor, não desista, não murmure, não desfaleça, não se desanime. Lute contra o pecado que está próximo, na verdade, está dentro de nós. Jesus prometeu estar conosco todos os dias das nossas vidas. E Ele é mais poderoso que o pecado!!!

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